Corrupção na Petrobras traz caos para o Brasil e ameaça derrubar governo, diz FT

Em reportagem, o jornal britânico diz que a petrolífera, envolvida em um enorme escândalo de corrupção, representa o melhor e o pior do Brasil e avalia: "Petrobras é grande demais para falir. Mas também é muito corrupta para continuar como está"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “A Petrobras representa o melhor e o pior do Brasil. A sua competência técnica é conhecida e ela possui vastas reservas de petróleo em profundidade. Isto atraiu investidores para a maior oferta de ações do mundo alguns anos atrás, quando ele levantou US$ 70 bilhões nos mercados de capital internacionais. Mas a empresa também está envolvida por corrupção deflagrada pela Operação Lava Jato e é algo de investigação também pela SEC”.

Esta é a avaliação do Financial Times em artigo desta sexta-feira, após o rebaixamento de rating da companhia pela Moody’s e depois da (não) divulgação de resultados pela Petrobras (PETR3;PETR4) na última quarta-feira, destacando que o escândalo de corrupção traz o caos para o Brasil. 

De acordo com o FT, o escândalo de corrupção não tem apenas implicações sociais para a petrolífera mais endividada com US$ 170 bilhões de empréstimos pendentes, de acordo com a Moody’s. Ela é sistêmica para a economia brasileira e ameaça derrubar seu governo. “Petrobras é grande demais para falir. Mas também é muito corrupta para continuar como está”.

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E o FT destaca que os montantes são quase “incompreensíveis”. Um executivo de segundo escalão (o ex-gerente Pedro Barusco) se ofereceu para devolver US$ 100 milhões aos cofres públicos. E alguns estimam que até US$ 20 bilhões “podem ter sido roubados, extraviados ou perdidos em projetos ‘elefante branco’ que foram tão mal concebidos que, mesmo a Venezuela de Hugo Chávez se recusou a investir. “Mas ninguém sabe o número exato”, destaca o jornal britânico.

E é por isso que os auditores PwC se recusaram a assinar as contas do terceiro trimestre do ano passado, enquanto a Petrobras foi forçada a diminuir seus investimentos. E isto em um cenário em que a economia está em baixa e precisa desesperadamente melhorar o seu perfil de investidor internacional uma vez que a história dos Brics entrou em colapso, afirma o jornal.

E o escândalo, ainda por cima, está se espalhando para o resto da economia. Em primeiro lugar, o setor de construção do Brasil foi envolvido nas investigações de corrupação, com ameaças aos contratos e colapsos empresariais.

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“É verdade que o governo poderia intervir com apoio financeiro. Mas isso colocaria em risco a sua classificação de grau de investimento já ameaçada, aumentando potencialmente o custo de capital para as empresas do Brasil como um todo. A culpa, em última análise encontra-se com as decisões do PT e seu desejo de poder. O dinheiro roubado foi supostamente usado para ‘agradar’ parceiros de coalizão, ajudar nas contas de duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff e para eleições para o Congresso também”, afirma.

O Financial Times destaca, contudo, que a corrupção na política não é nova e que o sistema do Brasil sempre incentivou isso, com a Petrobras sendo sempre uma fonte de tentação. “Os seguidores de Dilma supostamente não acreditam que isso ocorreu para enriquecimento próprio. Mas, no comando do Partido dos Trabalhadores, a escala de roubo subiu”, ressaltou.

E o jornal afirma esperar que a SEC investigue fortemente as práticas dentro da Petrobras, ressaltando que a dimensão do escândalo sugere que a deficiência das instituições no Brasil tem um peso. A Lava Jato, afirma, segue o escândalo do mensalão, que levou a várias condenações de políticos importantes pela primeira vez para o Brasil. “Com a Petrobras, no entanto, a resposta deve ser mais rápida e mais firme”.

“Dilma deve dar-lhe total apoio à investigação e permitir que o seu curso. Até agora, o escândalo rodou em torno dela. Não houve acusações de que ela estava diretamente envolvida, embora, como presidente do Conselho da Petrobras durante grande parte do tempo em questão, ela precisa explicar o que sabia”, afirma o jornal.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.