Corrupção, Bolsa Família e BC: relembre os temas que dominaram a campanha presidencial

A campanha eleitoral foi marcada por embates, trocas de farpas e comparações de visões sobre a economia, programas sociais, obras e outras áreas do governo

Reuters

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BRASÍLIA – Salpicada por surpresas, a começar pela morte de um dos candidatos ao Planalto, Eduardo Campos, a campanha eleitoral foi marcada por embates, trocas de farpas e comparações de visões sobre a economia, programas sociais, obras e outras áreas do governo. 

Confira a seguir temas que dominaram a corrida presidencial deste ano.

CORRUPÇÃO
As denúncias publicadas na imprensa serviram de munição para todas os presidenciáveis, mas o bombardeio mais intenso foi contra a presidente Dilma Rousseff (PT), especialmente por causa do escândalo da Petrobras.

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Segundo depoimento do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, haveria um esquema de sobrepreço em contratos da empresa que abasteceria PT, PMDB e PP.

Aécio Neves (PSDB), por sua vez, foi atingido por notícias de que teria construído um aeroporto em terreno desapropriado de um familiar, que detinha a chave desse terminal e o controle de quem poderia acessá-lo.

BANCO CENTRAL
A autonomia formal do Banco Central entrou em discussão a partir de proposta do então candidato do PSB, Eduardo Campos, que defendia a institucionalização da independência do BC.

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A proposta foi encampada por Marina Silva, que se tornou candidata do PSB com a morte de Campos em um acidente aéreo, e passou a ser duramente atacada pela campanha de Dilma. Uma peça de propaganda na TV mostrava os supostos riscos da autonomia legal do BC para os empregos e os salários.

Para Dilma, o Banco Central já conta com autonomia operacional, o que é suficiente para cumprir sua missão.

Já Aécio defendeu que essa autonomia operacional existirá em um governo seu, pelo perfil de sua equipe econômica, que dará “absoluta liberdade” à instituição.

BANCOS PÚBLICOS
A campanha de Dilma explorou declarações do ex-presidente do BC Armínio Fraga, escolhido por Aécio para comandar o Ministério da Fazenda caso seja eleito, em que defende que os bancos públicos sejam administrados com “padrões muito mais rígidos” e que após isso não sabe muito bem “o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito”.

O PT argumenta que são justamente essas instituições que garantem programas como o Minha Casa, Minha Vida e o financiamento estudantil.

Para os tucanos, os bancos são utilizados para favorecer com juros subsidiados empresas “escolhidas” pelo governo, ação que chamam de “bolsa-empresário”. Outro ponto criticado pela campanha de Aécio diz respeito à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento das obras do Porto de Mariel, em Cuba.

   

 

   

CRISE, INFLAÇÃO E EMPREGO
Aécio culpou a gestão petista pelas baixas taxas de crescimento da economia, pelo aumento da inflação e ainda pela redução no ritmo de criação de empregos. O tucano promete reduzir a meta de inflação a 3 por cento ao ano, uma vez alcançada a atual de 4,5 por cento em um prazo de dois a três anos.

   

Já Dilma argumentou que o país enfrentou uma das mais graves crises econômicas internacionais. Defende que mesmo nesse contexto desfavorável conseguiu gerar empregos e manter a inflação dentro da banda. E creditou a inflação a um choque de oferta, além de acusar os tucanos de querer aplicar o “remédio amargo” da alta de juros para segurar a inflação, o que traria também desemprego, recessão e arrocho salarial.

   

Economistas de instituições financeiras projetam um crescimento de 0,27 por cento da economia brasileira neste ano, segundo o boletim Focus do Banco Central.

 

Em setembro, a inflação atingiu seu maior nível em quase três anos, acumulando em 12 meses 6,75 por cento, enquanto a criação de empregos tem ficado abaixo das expectativas, ainda que tenham sido criados 123.785 postos formais em setembro, segundo o Caged. A taxa de desemprego caiu a 4,9 por cento em setembro, segundo o IBGE, menor patamar para o mês desde 2002.

PRÉ-SAL
O tema ganhou atenção na campanha após a candidata do PSB, Marina Silva, defender a diversificação da matriz energética brasileira e praticamente não abordar em seu programa a exploração das reservas ultraprofundas.

Dilma enfatizou em sua propaganda a prioridade que o governo conferiu ao pré-sal e a decisão de utilizar parte dos recursos oriundos de sua exploração para a educação e a saúde. Uma propaganda petista na TV chegava a mostrar os livros escolares ficando em branco, sem nada escrito, sem os recursos do pré-sal.

Aécio, por sua vez, declarou que pretende rediscutir o regime de partilha, modelo pelo qual é feita a exploração do óleo na camada pré-sal. Para o tucano, o regime inibe o investimento no setor petrolífero no Brasil. A partilha prevê maior participação estatal na exploração do óleo.

FATOR PREVIDENCIÁRIO
Aécio prometeu, durante a campanha, encontrar um caminho para substituir o fator previdenciário, mecanismo criado no início dos anos 2000 para evitar aposentadorias precoces no setor privado.

No primeiro turno, Dilma dizia que não pretendia rever a fórmula, que leva em conta o tempo de contribuição, a idade da pessoa que se aposentou e a expectativa de vida da população. A candidata, no entanto, reformou sua posição e se comprometeu com centrais sindicais a estabelecer uma mesa de negociação sobre o tema.

PROGRAMAS SOCIAIS
A disputa pela paternidade dos programas sociais entre o PT e o PSDB é uma polêmica recorrente nas últimas eleições presidenciais. Neste ano não foi diferente e o tucano se comprometeu a manter programas já existentes, como o financiamento estudantil e o Bolsa Família, propondo inclusive a institucinalização da medida como política de Estado.

Para angariar o apoio de Marina Silva no segundo turno, Aécio prometeu ainda ampliar essas ações, além de propor um programa de distribuição de renda chamado Nordeste Forte, voltado à região, e um programa que prevê o pagamento de um salário mínimo mensal para que jovens de 18 a 29 anos voltem às escolas para completar os ensinos fundamental e médio.

A campanha da petista argumentou que Aécio representa um grupo político que classificou de assistencialistas e eleitoreiros programas como o Bolsa Família e questionou o motivo de não terem empreendido essas ações em ampla escala quando eram governo. Dilma ressaltou que os governos do PT retiraram milhões de pessoas da miséria.

LGBT
Uma das grandes polêmicas iniciais surgiu por conta do capítulo do programa de Marina sobre os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). No dia seguinte ao lançamento, foi alterado e retirado do texto original o apoio a projetos de lei e emendas à Constituição garantindo “o direito ao casamento civil igualitário na Constituição e no Código Civil”.

Marina justificou a alteração por um erro de “editoração” do programa, mas o estrago estava feito. Como a mudança ocorreu depois que líderes evangélicos, fé que Marina professa, terem criticado duramente o texto nas redes sociais, surgiram insinuações de que ela havia cedido a pressões.

Durante um tempo, Marina, mais do que qualquer outro candidato, foi questionada sobre aborto e casamento gay.

ENERGIA
O setor elétrico também foi alvo de debates nesta eleição, área em que o governo foi criticado por falta de planejamento. Aécio acusou a gestão petista de intervencionismo “descoordenado” e “desorganizado” no setor elétrico, referindo-se principalmente à renovação antecipada dos contratos de geração e transmissão de energia elétrica promovidas pela Medida Provisória 579, na intenção de reduzir as tarifas de energia.

Em contrapartida, Dilma relembrou racionamento de energia, que ficou conhecido como “apagão”, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.