Copom: tensões externas e inflação doméstica devem levar à manutenção da Selic

Entretanto, placar da decisão poderá ser dividido, com alguns membros do comitê votando por aumento do juro básico

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SÃO PAULO – A primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não poderia ocorrer em tempo pior. Na última segunda-feira, as principais bolsas do mundo registraram fortes perdas, e as projeções para a semana são de mais volatilidade.

Por aqui, as tensões entre os investidores refletiram-se na forte queda de 6,60% marcada pelo Ibovespa e na escalada do dólar comercial, que subiu 2,52%, fechando a sessão cotado a R$ 1,83.

Com isso, o mercado, que até então dava como certa não somente a manutenção da taxa Selic em seu atual nível de 11,25% ao ano, como apostava na unanimidade de tal decisão, passa a questionar tais projeções, embora estas ainda sejam predominantes.

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Tensões externas e câmbio

Como elucidado pelos analistas da SulAmérica em seu relatório semanal, os temores quanto a uma recessão nos EUA tornam mais nebulosas as expectativas para a economia mundial em 2008, o que reflete em um maior grau de aversão ao risco e, conseqüentemente, uma redução dos fluxos externos ao Brasil.

Logo, não demoraria para que um efeito de depreciação do real frente ao dólar ocorresse no mercado cambial, levando o Banco Central a elevar a taxa básica brasileira de juro a fim de preservar sua meta inflacionária.

“É por isso que, se o dólar persistir em forte alta nos dois próximos dias, não é descartada a hipótese de Henrique Meirelles, presidente do BC, optar pelo mecanismo legal do viés, decidindo por uma alta na taxa Selic sem que seja necessária a convocação do comitê”, argumenta a Link Investimentos, em uma análise mais pessimista.

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Entretanto, tal enfoque mais negativo é exceção entre os analistas, que acreditam na manutenção do juro básico. O que vem sendo discutido agora é o placar de tal decisão, que “poderá ser dividido, com parte do comitê votando por um aumento da taxa Selic”, nas palavras dos analistas da LCA Consultoria.

Pressões inflacionárias domésticas

No contraponto das tensões externas, o quadro inflacionário doméstico, até então um dos principais fatores apontados pelo comitê em suas recentes manutenções da taxa Selic, demonstrou tendências diversas de acordo com os últimos indicadores.

Enquanto o IGP-10 e a segunda prévia do IPC-Fipe de janeiro marcaram altas nos preços menores do que as registradas em suas medições anteriores, a segunda prévia do IGP-M deste mês indicou uma aceleração da inflação. Ademais, o último relatório Focus revelou uma elevação das projeções do mercado para o IPCA, tanto para este ano quanto para 2009.

Neste sentido, os números mensurados pelo IPCA-15 de janeiro deverão ser cruciais, e certamente serão avaliados com grande atenção pelos membros do Copom em suas próximas reuniões. Para a equipe da SulAmérica, “o indicador deverá referendar a atual trajetória de alta da inflação”.

Projeções a médio prazo mais favoráveis

Se o clima se mostra incerto no curto prazo, e uma manutenção da taxa Selic em seu atual patamar de 11,25% ao ano de fato parece mais provável, ainda que o placar de tal decisão seja motivo de dissenso entre os analistas, no médio prazo, as projeções são mais brandas.

Para os analistas da LCA Consultoria, os indicadores de atividade econômica recentemente divulgados corroboram as perspectivas de que não haverá um aperto da política monetária em 2008. A equipe acredita em uma retomada do ritmo de cortes na taxa Selic a partir do mês de setembro.

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