Contra ou favor, movimentos, PSDB e confederações elevam o tom sobre impeachment

Impeachment segue na pauta: PSDB eleva o tom, enquanto os movimentos sociais pressionam o TCU; enquanto isso, confederações, empresários e até imprensa internacional se manifestam contra o processo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff conseguiu um alívio na semana passada, evidenciada pela “Agenda Brasil” do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Contudo, em meio aos protestos e ao descontentamento com a economia, o impeachment da presidente segue no radar político e dos mercados.

Enquanto os movimentos que comandaram as manifestações do último domingo e os partidos de oposição aumentaram o tom a favor do processo de impeachment, confederações representando industriais e empresários e até mesmo a imprensa internacional tem se manifestado contra o impedimento da presidente. 

De acordo com informações do jornal Valor Econômico, a OAB (Ordem dos advogados do Brasil), e as Confederações Nacionais da Indústria (CNI), da Agricultura e Pecuária (CNA) e dos Transportes (CNT) preparam um manifesto contra o impeachment a presidente Dilma Rousseff e a favor de um pacto de governabilidade. 

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O ato, estimulado por integrantes do governo, busca o apoio de mais oito entidades. No início do mês, o vice-presidente da República, Michel Temer, recebeu o apoio das entidades que representam a indústria em São Paulo e no Rio de Janeiro, Fiesp e Firjan, sobre sua proposta de união em busca de solucionar a crise política vivenciada pelo País, feita nesta quarta-feira. O entendimento é de que o impeachment da presidente Dilma seria um processo traumático para o País e poderia levar a perda do grau de investimento. 

A mesma justificativa foi destacada em duas reportagens de jornais internacionais: o Financial Times e o New York Times. Em editorial da edição desta terça-feira (18), o jornal americano New York Times afirmou que “o Brasil está em frangalhos” e que a economia está em recessão. Apesar do cenário ruim, o NYT afirma que isto não pode ser encarado como justificativa para um pedido de impeachment. O jornal defende que a saída de Dilma sem evidência concreta levaria a um sério dano à democracia, sem que houvesse contrapartida positiva.

Ontem, o britânico Financial Times destacou que a presidente deve continuar no cargo apesar da “posição precária”. “Mesmo que Dilma saia, ela provavelmente só iria ver um outro político medíocre substituí-la – e, em seguida, tentar implementar o mesmo tipo de estabilização econômica que ela está tentando fazer”, diz o jornal.

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O outro lado…
Já segundo o jornal O Estado de S. Paulo, por outro lado, dois dos principais movimentos que organizaram os protestos de domingo contra a presidente Dilma Rousseff decidiram que as próximas manifestações serão focadas na questão do julgamento das contas do governo petista em 2014.

O Vem Pra Rua e o MBL (Movimento Brasil Livre) pretendem realizar atos em Brasília em frente ao TCU (Tribunal de Contas da União ) e também diante da residência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – que deve ser o responsável por conduzir a votação das contas de Dilma no Congresso Nacional. 

“Nossos próximos atos, que não serão em massa, estarão focados na questão do julgamento das pedaladas fiscais e demais irregularidades nas contas da Dilma pelo TCU. Não temos data ainda. Vamos começar a decidir isso hoje [segunda-feira]”, disse um dos líderes do Vem Pra Rua, o empresário Rogério Chequer, ao jornal. “É necessário que a campanha de Dilma também seja investigada”.

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O tom sobre o impeachment também aumentou dentro do PSDB: ontem, em sua página no Facebook, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu se pronunciar e mostrou uma boa mudança em seu discurso. Segundo ele, os protestos mostram que o governo é “ilegítimo” e sem “base moral”.

“O mais significativo das demonstrações, como as de ontem, é a persistência do sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo. Falta-lhe a base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo”, afirmou 

Após as críticas, FHC se reuniu com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para que eles “alinhem” o discurso.

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De acordo com relatos feitos pelo jornal Folha de S. Paulo, FHC fez análise do cenário político e disse que o partido deveria falar a mesma língua ao discutir as alternativas para que o País saia da crise. Há duas semanas, aliados de Aécio defenderam a renúncia da presidente e do vice-presidente Michel Temer e a convocação de novas eleições. Já Alckmin tem manifestado cautela sobre a possibilidade de afastamento da presidente. 

Logo após o encontro, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) afirmou nesta segunda-feira (17) que há motivos suficientes para a Câmara dos Deputados analisar um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A seu ver, a prática de crime de responsabilidade pela presidente da República deve fundamentar o pedido de impeachment, que ainda precisa do apoio de 342 deputados federais. Segundo o senador paulista, as condições jurídicas para o afastamento da presidente existem e processo só não ocorre devido ao apoio do PMDB ao governo. 

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(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.