Contra Fazenda, Gleisi defende adiar reoneração de combustíveis à espera de Petrobras

Presidente do PT voltou a criticar a política de paridade internacional adotada pela Petrobras desde o governo do ex-presidente Michel Temer

Reuters

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

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Uma discussão sobre a retomada dos impostos sobre combustíveis só pode ser feita após a mudança na política de preço da Petrobras, que por sua vez só será possível em abril com a renovação no Conselho de Administração da estatal, disse, nesta sexta-feira (24), a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).

As declarações da dirigente petista vêm em um momento em que o Ministério da Fazenda espera a reoneração dos combustíveis para o mês de março, conforme prevê uma medida provisória atualmente em vigor e que tramita no Congresso Nacional.

“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o país”, escreveu Gleisi em sua conta no Twitter.

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“Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha.”

Mais cedo nesta sexta, duas fontes que acompanham o tema disseram à Reuters que o Ministério da Fazenda conta com o retorno da tributação sobre combustíveis previsto para a próxima quarta-feira, sem nova prorrogação da desoneração ou retorno gradual das cobranças.

De acordo com uma das fontes, a Fazenda não discute qualquer ação que não seja a reoneração integral a partir de março para gasolina, álcool, querosene de aviação e gás natural veicular, conforme previsto na medida provisória.

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Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a prorrogação das desonerações contra a vontade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O retorno integral da tributação significaria um incremento no preço da gasolina de 79 centavos por litro em PIS/Cofins e mais 10 centavos por litro em Cide. Para o etanol, o preço do litro subiria 24 centavos com o retorno do PIS/Cofins.

Se conseguir garantir a reoneração integral, a equipe econômica contará com um reforço de aproximadamente 29 bilhões de reais nos cofres federais em 2023. A medida é parte do conjunto de ações na planilha da pasta para buscar uma redução do déficit primário deste ano para valor inferior a 100 bilhões de reais.

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A volta da cobrança teria impacto sobre a inflação de curto prazo, mas a melhora do quadro fiscal tende a influenciar positivamente as expectativas do mercado para a inflação futura, o que é levado em conta pelo Banco Central nas decisões de política monetária.

Política de preços

Em sua publicação na rede social, Gleisi voltou a criticar a política de paridade internacional adotada pela Petrobras desde o governo do ex-presidente Michel Temer, classificando-a de “inflacionária” e também defendeu uma alteração na política de distribuição de lucros da petroleira.

“A tal PPI sempre foi inflacionária e só favorece a indecente distribuição de lucros e dividendos da Petrobrás. Isso também tem de mudar”, disse.

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Desde 2016, a Petrobras adota uma política interna de preços de combustíveis vendidos a distribuidoras que segue a paridade de importação (PPI), considerando para o cálculo variáveis internacionais como preço do barril do petróleo e dólar. No entanto, os ajustes são feitos atualmente de forma a evitar volatilidades externas.

O PPI foi adotado pela Petrobras sob a gestão de Pedro Parente, no governo Temer, após a companhia ter amargado prejuízos bilionários em anos passados ao praticar preços internos mais baixos do que no exterior, em períodos de grande necessidade de importação.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já sinalizou anteriormente que deseja alterar a política, de forma a deixar de seguir a paridade de importação, mas sem desvincular os preços de combustíveis dos valores internacionais. Mas não detalhou como isso ocorreria.

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O executivo entende que, como o Brasil produz a maior parte dos combustíveis localmente, não faz sentido se guiar pela paridade de importação.

Até o momento, não foram feitas indicações para as cadeiras do conselho da Petrobras e o prazo para que isso aconteça está cada vez mais curto.

Prates esteve reunido na manhã desta sexta-feira com o presidente Lula, e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Os preços de combustíveis foram tratados no encontro, segundo uma fonte próxima às discussões, que não deu detalhes.

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Na reunião, que durou cerca de quatro horas, os integrantes do governo discutiram impactos e medidas a serem tomadas a partir da reoneração da gasolina e do etanol, e também falaram sobre formas de mitigar os efeitos, segundo a fonte.

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