Conheça os possíveis sucessores de Cunha na Câmara em caso de afastamento

Apesar da gravidade das denúncias, o presidente da Câmara parece resistir aos ferimentos por mais algum tempo. Ao que indica a imprensa, Cunha teria votos necessários para barrar o andamento de sua cassação na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Se a situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chega a níveis cada vez mais insustentáveis no comando da casa após a revelação de ao menos quatro contas secretas em seu nome e de familiares na Suíça, seus possíveis sucessores tampouco gozam de reputação intocável no Legislativo. Enquanto o peemedebista, incapaz de explicar os US$ 2,4 milhões mantidos no exterior, vê sua permanência no cargo com os dias contados, torna-se importante ter acesso ao retrospecto da equipe que aquece na beira do gramado.

Puxando a fila dos sucessores de Cunha à presidência da Câmara até que novas eleições sejam convocadas entre os deputados em cinco sessões – caso a renúncia ou cassação do peemedebista realmente ocorra -, aparece a figura de Waldir Maranhão (PP-MA), o primeiro vice na mesa diretora da casa. O parlamentar é um dos 32 deputados do PP investigados pela operação Lava Jato, após citação do doleiro Alberto Youssef como receptor de propinas mensais entre R$ 30 mil e R$ 50 mil. Maranhão responde ainda a dois processos no Supremo Tribunal Federal, por lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

Em seu cadastro como candidato a deputado federal no TSE para as últimas eleições, o parlamentar declarou como bens dois imóveis que somam valor de R$ 813,64 mil. Com 66.274 votos (2,16% do total em seu estado), ele foi o 14º mais bem votado no Maranhão, sendo o único de seu partido. Sua principal financiadora de campanha foi a construtora Amorim Coutinho, com R$ 300 mil entregues de um total de R$ 755,78 mil arrecadados.

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Seguindo a linha sucessória, a segunda vice-presidência hoje é ocupada pelo deputado Giacobo (PR-PR). É ele quem assume se Cunha e Maranhão forem afastados. O parlamentar respondeu a inquéritos no STF por acusações de irregularidades contra a ordem tributária e uma ação penal que tratava de suposto sequestro e cárcere privado, nos quais foi julgado e absolvido pela maioria dos ministros da corte e teve a retirada da acusação em cartório. Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa do deputado encaminhou certidão de antecedentes de Giacobo emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo o documento datado de 8 de outubro de 2015, nada consta contra o deputado.

Com 144,31 mil votos (2,55%) Giacobo foi o 11º deputado mais bem votado em seu estado. Entre os patrocinadores de uma campanha que custou R$ 2,73 milhões, destaque para as empresas Seara Alimentos (R$ 250 mil), JBS (JBSS3, R$ 250 mil), Cosan (CSAN3, R$ 150 mil), Telemont (R$ 250 mil) e Rima Industrial (R$ 200 mil). Em sua prestação de contas junto ao TSE, o parlamentar declarou R$ 2,35 milhões em bens, sendo R$ 223 mil em espécie e R$ 1,49 mil em quotas de capital de sua empresa. O total declarado por ele equivale a quatro vezes o montante que o próprio deputado doou para sua campanha eleitoral do ano passado – R$ 571,6 mil.

Apesar da gravidade das denúncias, o presidente da Câmara parece resistir aos ferimentos por mais algum tempo. Ao que indicam os jornais desta quinta-feira, Cunha teria os votos necessários para barrar o andamento de sua cassação na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. O peemedebista também flerta com o governo pela sobrevivência mútua. Em troca do esfriamento da pauta do impeachment, ele exige a saída de José Eduardo Cardozo do ministério da Justiça, maior controle sobre a operação Lava Jato e apoio contra sua perda de mandato – e, consequentemente, do foro privilegiado. Ao que tudo indica, a história ainda terá capítulos ainda mais dramáticos.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.