Conheça a opção da Petrobras que subiu 6.550% durante o “rali eleitoral”

De 17 de março até esta quinta-feira - que marca o último dia de negociação dos contratos de opções - , a call "PETRD16" saltou de R$ 0,02 para R$ 1,33

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – A Bolsa reserva algumas oportunidades de ouro que, seja por “feeling” de mercado ou por pura sorte, pode tornar pequenos investidores em homens ricos com uma tacada certeira. Nas últimas semanas presenciamos isso com as opções de compra de uma das ações de maior liquidez da Bovespa: a Petrobras (PETR3, PETR4). Do vencimento de opções do mês passado até esta quinta-feira (17), véspera do vencimento de abril, teve opção de compra da estatal que marcou ganhos de 6.550%.

Quem acompanhou a Bolsa nas últimas semanas se deparou com o efeito chamado de “rali eleitoral“, com muitas ações – em especial estatais e bancos – registrando forte valorização diante dos resultados das pesquisas eleitorais indicando uma queda na popularidade da atual presidente Dilma Rousseff. Boa parte do mercado tem criticado a maneira como a equipe da presidente tem gerido alguns setores da economia, em especial aqueles com empresas listadas na Bolsa. Um dos casos mais emblemáticos é a própria Petrobras, que tem tido prejuízos operacionais nos últimos trimestres, mas não pode reajustar o preço dos combustíveis devido aos impactos que isso traria na inflação.

Do dia 17 de março (dia que teve início os rumores) até esta quinta-feira (17 de abril), as ações preferenciais da Petrobras saltaram de R$ 11,82 para R$ 16,38, o que configura uma alta de 38,58%. Já as “calls” (opções de compra) de Petrobras mostraram um comportamento ainda mais agressivo: a mais forte foi a “PETRD16” – opção que dá o direito de comprar ações da Petrobras até o vencimento de abril (no dia 22) a R$ 16,00 – que saltou de R$ 0,02 para R$ 1,33, o que resulta em uma alta de 6.550%.

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O que são opções?
Quando um investidor compra uma opção, ele está comprando o direito de comprar (call) ou vender (put) uma determinada ação a um preço já definido (preço de exercício, ou “strike”) até um vencimento já estabelecido. Sendo assim, esses “direitos” oscilam de preço à medida que eles começam a se mostrar vantajosos ou não em relação ao preço da ação.

Para ficar mais claro, tomamos como exemplo a call PETRD16: como ela me dá o direito de comprar uma Petrobras a R$ 16,00 até abril, esse direito vai valer cada vez mais à medida que os papéis da Petrobras foram ficando cada vez acima de R$ 16,00. Como em 17 de março a ação da Petrobras estava cotada a R$ 11,82, esta opção estava muito “fora do dinheiro” e por isso valia tão pouco. À medida que a cotação do papel se aproximava dos R$ 16, o derivativo foi ganhando cada vez mais valor.

Além da distância entre o “strike” e a cotação da ação na Bovespa, o preço de uma opção também considera mais dois quesitos importantes: tempo e volatilidade. Quanto maior o tempo de distância para o vencimento da opção, maiores as chances de em algum momento o contrato estar “dentro do dinheiro” – isto é, quando vale a pena exercer a opção; da mesma forma, quanto mais volátil é o comportamento da ação na Bovespa, maior é a possibilidade de que a opção fique dentro do dinheiro em determinado momento.

Blue chip + volatilidade: combinação perfeita
O comportamento volátil da Petrobras na Bolsa é muito bem recebido pelos investidores que operam no mercado brasileiro de opções. Isso porque a petrolífera, junto com a Vale (VALE3, VALE5) é uma das poucas empresas que possui boa liquidez – embora nos últimos meses temos tido a presença de outras empresas entre as mais negociadas no dia do exercício de opções.

Contudo, mesmo se tratando de Petrobras e Vale essa liquidez pode ser comprometida caso o investidor esteja negociando um contrato com vencimento muito longo ou com strike bem distante dos preços atuais.

Retorno incrível; mas risco é de 100%
Para o investidor que está buscando simplesmente se beneficiar da valorização das ações da Petrobras, é preciso ter em mente que o risco de perdas para quem investe em opções é de 100%, já que se uma call tiver o preço de exercício maior que a cotação atual da ação até o dia do vencimento, essa opção fatalmente irá “virar pó” – expressão utilizada no mercado de opções para o contrato que perdeu valor.

Tomando novamente como exemplo a PETRD16: quem investiu R$ 100 nestas opções no dia 17 de março comprou 5.000 “calls”. Se esse investidor vendeu a “call” no fechamento desta quinta-feira, ele teve um lucro operacional de R$ 6.550 (R$ 6.650 – R$ 100), desconsiderando os custos com corretagens e emolumentos. Contudo, caso a ação PN da Petrobras ficasse abaixo de R$ 16,00, essa opção teria virado pó, com o investidor perdendo os R$ 100,00 investidos.

Outros “centavos de ouro”
Outras opções de compra da Petrobras também tiveram uma vida extremamente apreciada. A PETRD14 (que dava o direito de comprar a R$ 14,00) subiu 2.185,7% de 17 de março pra cá, indo de R$ 0,14 para R$ 3,20. A call PETRD13 subiu 960% – de R$ 0,40 para R$ 4,24 -, enquanto a PETRD12 foi de R$ 0,93 para R$ 5,24, alta de 463,4%.

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Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers