Confiança se perdeu e Brasil está de mau humor para celebrar Copa do Mundo, diz FT

Em reportagem especial, jornal britânico ressalta problemas econômicos e falta de orgulho dos brasileiros com o evento, justamente na nação do Futebol; os motivos são a agitação social e preocupação econômica

Lara Rizério

Jesus Christ

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SÃO PAULO – O cenário que se desenha atualmente deve fazer com que uma das maiores paixões do brasileiro, a Copa do Mundo, vire um dos principais motivos de revolta para a população. É o que aponta matéria do Financial Times chamada “Lost of Faith”, ou Perda de Confiança, que destaca os atrasos na construção de estádios, poucos meses após a população ir às ruas para protestar contra a ineficiência do gasto público para a saúde e educação. Isso forma um ambiente bastante complicado para a atual presidente, Dilma Rousseff, que enfrentará eleições em outubro.

A reportagem destaca que o torneio “poderia ser a coroação do Brasil para comemorar as suas conquistas econômicas ao longo da última década, quando o País construiu uma classe média e consolidou o seu papel como um dos líderes das nações emergentes conhecidos como BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). No entanto, o Brasil parece ter pouco humor para comemorar”.

Em seguida, destaca-se os temores de mais protestos, ao invés da “animação” com a chegada do torneio. E as tensões são reforçadas pela apreensão de que a economia possa ter entrado numa recessão técnica no segundo semestre de 2013 – algo que os economistas dizem ter sido impulsionado pelo intervencionismo do governo.

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Com isso, Dilma Rousseff enfrenta inúmeros desafios: não só garantir uma Copa do Mundo sem problemas, como também convencer os investidores, cada vez mais céticos, de que a economia nacional pode voltar a registrar um crescimento mais elevado. 

E seus esforços, diz a publicação, podem determinar se os últimos dez anos foram “a década da América Latina” ou uma oportunidade perdida para a região, com algumas exceções como México e Chile. 

Fifa tomou a decisão errada?
O FT destaca ainda que, no ano passado, em meio aos sucessivos atrasos e os protestos em massa, a Fifa chegou a questionar se tinha tomado a decisão errada ao conceder os jogos ao País. E não era para ser assim, lembra o jornal. Em 2007, quando a nação foi eleita como sede dos jogos, Lula tinha acabado de se reeleger, houve um boom de commodities e descobertas dos poços do pré-sal. “Não parecia nada que o Brasil não pudesse alcançar”, afirmou.

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Porém, os problemas apareceram e a “paixão nacional” aclamada por Lula virou motivo de hostilidade com o reforço das manifestações em meio à ineficiência do gasto público. Dilma tem um grande problema nas mãos, aponta o FT, devendo entregar um crescimento abaixo da média nos últimos três anos. Enquanto isso, a intervenção do governo em áreas como energia, finanças e os preços da gasolina tem assustado os investidores , enquanto a inflação manteve-se persistentemente elevada.

Os funcionários do governo, por sua vez destacam que as críticas são exageradas. E os fatores para que, apesar da insatisfação popular aumentando, Dilma continue com maiores chances de ser reeleita, é o investimento que entra no Brasil e o crescimento dos salários. 

Enquanto os temores de protestos aumentam, há aqueles que não arriscam apostar em novas manifestações, principalmente após a ação de violência do grupo chamado Black Blocks, o que afasta certos segmentos sociais. Enquanto isso, o governo aponta que o torneio deixará legados social e econômico valiosos. 

E a reportagem é finalizada com a mudança do ministro das comunicações do governo, que tem como missão criar uma campanha de relações públicas para melhorar a percepção sobre a Copa. “O slogan ‘A Copa das Copas’ tem como missão inspirar os brasileiros a terem orgulho do evento”, afirma o FT. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.