Comunicação e expectativas: ferramentas importantes para a política monetária

Estudiosos debatem sobre os efeitos que a transparência de autoridades geram nos mercados e o papel do cidadão comum

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SÃO PAULO – Até que ponto a interpretação dada pelo cidadão comum às ações de política monetária é importante para seu real efeito sobre a economia? Especialistas e autoridades monetárias divergem sobre o assunto, mas ressaltam a importância cada vez maior da comunicação para seu sucesso.

Em relatório publicado recentemente, o analista Paul Donavan, do banco suíço UBS, ressaltou a descrença do BCE (Banco Central Europeu) na capacidade que pessoas comuns possuem para entender a complexidade de suas deliberações, o que motivaria a não-publicação da ata de sua reunião.

Longe do consenso

Tal atitude diferiria em grande parte de posições adotadas por outras instituições ao redor do globo, como o Banco Central do Brasil, que relatam até mesmo o dissenso presente nas decisões dos órgãos colegiados, embora haja grande variedade nos mecanismos específicos de comunicação.

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Estudo publicado por grupo de pesquisadores, incluindo membros do próprio BCE, do banco da Holanda e acadêmicos das universidades de Princeton e Groningen, busca elucidar e contextualizar o debate a respeito da conexão entre as decisões sobre política monetária e sua comunicação aos mercados e ao cidadão comum.

Ancorando expectativas

Para os autores, os últimos 15 anos foram marcados pela aceitação cada vez maior da idéia de que a transparência das decisões sobre política monetária guia, de maneira mais eficaz, as expectativas dos agentes econômicos e movimentos de preços dos ativos. Por sua vez, este fator permite que a autoridade projete melhor os efeitos de suas próprias medidas.

Destarte, os formuladores de política monetária também contribuem para a redução da volatilidade dos mercados (Reducting Noise), uma vez que a sinalização mais clara de sua atuação futura diminui margens para especulações. Anteriormente, as autoridades buscavam esconder todos os sinais e conceder poucas declarações.

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Embora afirmem que – em casos extremos – a comunicação pode ser a principal ferramenta de que dispõem as autoridades monetárias, e classifiquem a abertura como uma revolução do pensamento sobre o assunto, os autores ressaltam que ainda existem resistências, embora divirjam da interpretação de Donavan sobre a atuação do BCE, considerando-a mais aberta que a do Fed (Federal Reserve), desde sua criação.

Panacéia

Por outro lado, a comunicação pode ter graves conseqüências, afirma o estudo. Exemplos seriam as fortes e rápidas reações dos mercados a declarações proferidas pelos presidentes do BCE – Wim Duisenberg – e do Fed – Ben Bernanke – nos anos de 2000 e 2006 respectivamente, ao sinalizarem – erroneamente – a reversão das políticas até então praticadas. O estudo sugere que o sucesso da comunicação como política monetária reside na eficiência com que as verdadeiras intenções dos formuladores são tornadas públicas.

Accountability

Outro fator que impulsionou a abertura dos processos pelas autoridades monetárias decorre diretamente de sua crescente autonomia, que amplia paulatinamente a exigência política por prestação de contas à sociedade de suas ações, uma vez que sua legitimidade democrática é concedida pelo público em geral. Embora proponham uma maior atenção ao tema, os estudiosos afirmam que a comunicação com os mercados financeiros não será menos importante.

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