Como um ex-executivo do Goldman Sachs virou um sem teto nos EUA

Porém, ao contrário do que tudo indica, ele não faliu: tudo não passou de uma estratégia do ex-executivo do banco para se aproximar da população mais pobre, uma vez que ele é candidato ao governo da Califórnia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Entre 2006 e 2009, Neel Kashkari era assistente do secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, seu ex-chefe no Goldman Sachs. Kashkari foi um dos principais responsáveis pela execução do TARP (Troubled Asset Relief Program), programa de resgate bancário no valor total de US$ 700 bilhões. Kashkari não é muito conhecido dos norte-americanos, apesar de sua grande influência nestes programas para salvar a economia do país.

Contudo, ele se tornou um morador de rua. Mas a sua história não se assemelha a nenhuma fraude bancária que o fez pagar uma indenização bilionária e que teria o levado à falência, nem um problema com os seus negócios. Faz parte de uma estratégia eleitoral. 

Mesmo sem ser muito conhecido, o executivo de 41 anos pode ser o nome a destituir o governador popular Jerry Brown nas eleições na Califórnia. E, para mostrar a sua preocupação e, talvez, melhor sua compreensão com os mais pobres, Kashkari passou uma semana como sem teto nas ruas da cidade de Fresno no final de julho.

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“Ele entrou em um ônibus, levou uma escova de dente e, com US$ 40 no bolso, tentou encontrar um emprego. Ele era como qualquer outro morador de rua, só que com uma equipe de filmagem da campanha o seguindo. Ele dormiu na rua e disse que não poderia mesmo receber um sinal de ‘ajuda'”, destacou o Market Watch.

E agora, foi revelado que ele realmente fez muito bem durante a sua experiência, com os seus cofres de campanha mais do que triplicando, para US$ 430 mil. Ele também recebeu um cheque de US$ 27 mil de Paulson. “Nada mal para uma semana de trabalho ou, na verdade, uma semana sem trabalho”, ressaltou. 

Mas, mesmo assim, ele deve enfrentar alguns desafios. O candidato republicano deve enfrentar diversos questionamentos, uma vez que foi o próprio partido um dos maiores críticos da implantação do TARP, além das ironias inerentes ao fato de um banqueiro ter se transformado em um mendigo por alguns dias.

Vale lembrar ainda que o estado da Califórnia foi um dos mais afetados pela crise das hipotecas. A taxa de desemprego subiu de 5,5% no estado em 2006 para 12,3% em maio de 2010. E é irônico também que Brown liderou o ranking de recuperação entre os estados com a maior recuperação do emprego. Brown contou a sua experiência em artigo para o Wall Street Journal

Cabe lembrar que, no Brasil, o financiamento de campanhas também vem ganhando destaque, com grandes empresas fazendo doações para a campanha de políticos? Será que uma iniciativa dessa caberia para o Brasil?

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.