Como fica a candidatura de Geraldo Alckmin com a investigação sobre cartel em SP?

Tucano tenta evitar desgaste de imagem em um momento em que precisa mostrar a que veio

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O anúncio de uma investigação sobre a formação de um cartel de empreiteiras em obras do Rodoanel e do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) trouxe preocupação no ninho tucano por seu potencial de atingir a candidatura do governador Geraldo Alckmin, que atualmente também preside o PSDB. A depender dos próximos capítulos das investigações, há potencial de dano à imagem que o tucano procura construir em sua marcha na disputa pela presidência da República.

A contraofensiva do governador tende a repetir a fórmula adotada em 2013, quando a alemã Siemens denunciou conluio em concorrências para operações de trens e metrô. Segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, Alckmin deverá determinar à Procuradoria-Geral do Estado que abra um processo para pedir o ressarcimento do dano causado pelo esquema, em linha com a narrativa de que o Estado foi vítima. Trata-se de um mecanismo para mitigar danos à imagem que o governador quer transmitir nas próximas eleições como o nome da seriedade, experiência e boa gestão.

Juntamente com essa nova denúncia, também ameaça os sonhos do governador um pedido de instauração de inquérito que corre no Superior Tribunal de Justiça. Na ação, o tucano é acusado de receber recursos de caixa dois da empreiteira Odebrecht nas últimas duas eleições que disputou, em 2010 e 2014.

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Em contrapartida, há fatores que beneficiam Alckmin na disputa. O primeiro deles é o pertencimento a um partido com elevada capilaridade nas mais diversas regiões do país e expertise em disputas presidenciais — embora tenha sido derrotado nas últimas quatro. Além disso, como presidente do PSDB, Alckmin tem mais condições de consolidar sua candidatura internamente e testar suas habilidades políticas para a pacificação entre alas antagônicas da legenda. O fato de ser o governador do maior colégio eleitoral e principal economia do país também oferece ao tucano um trampolim interessante em termos de imagem, votos e alianças partidárias. [Para saber mais, clique aqui e aqui].

As investigações podem prejudicar a candidatura de Alckmin, que ainda precisa apresentar um crescimento significativo nas pesquisas de intenção de voto para consolidar sua candidatura. Caso isso não ocorra, crescem as chances de novos nomes surgirem como tentativa a ocupar os espaços desperdiçados. É para evitar tal cenário que o governador deve contar com estrutura partidária, máquina estadual e alianças como ferramentas a inflar seu nível de apoio.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.