Como a posse de Donald Trump fez “1984” se tornar o livro mais vendido dos EUA em 3 dias

SÃO PAULO – Nos últimos dias, o romance “1984”, escrito por George Orwell, se tornou um dos livros mais vendido nos Estados Unidos, ganhando uma reimpressão quase 70 anos após ter sido escrito. Tudo isso por conta da fala de uma integrante do novo governo do presidente Donald Trump logo após a posse ocorrida na última sexta-feira (20).

A obra, publicada originalmente em 1949, fala sobre um futuro distópico sob um regime autoritário, com um governo cruel representado na figura do “Grande Irmão” que espiona seus cidadãos e os força a “duplipensar”, ou aceitar versões contraditórias da verdade. E é exatamente esta “nova” versão dos fatos que tem feito as vendas do livro dispararem.

No último domingo, Kellyanne Conway, funcionária do alto escalão da Casa Branca, usou o termo “fatos alternativos” durante uma entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC, para comentar a quantidade de pessoas presentes na posse de Trump. “Nos sentimos compelidos a vir a público e esclarecer as coisas e apresentar fatos alternativos”, disse ao rebater as notícias que falavam que poucas pessoas estavam no ato.

Em meio a críticas ao termo, a editora do dicionário Mirriam-Webster publicou no Twitter, em desafio a Conway, o seguinte verbete: “Um fato é uma informação apresentada como tendo realidade objetiva”. Após entrar na lista dos 10 mais vendidos da Amazon, “1984” se tornou o mais vendido do site na última quarta-feira (25).

Diante do crescimento na procura pelo livro, a editora Signet Classics anunciou ter ordenado a reimpressão de 75 mil cópias esta semana. Um porta-voz da empresa disse à rede BBC na terça que essa quantidade é maior do que a que costuma ser reimpressa. Já um representante da editora Penguin disse à rádio NPR que as vendas do livro cresceram 10.000%.