Com target em 60 mil pontos, corretora estima queda para a bolsa em 2012

Contínuas pressões econômicas, perfil risco/retorno não atraente e elevado nível de complacência devem pesar no próximo ano

Nara Faria

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SÃO PAULO – A crise fiscal na Zona do Euro, o embate entre republicanos e democratas nos Estados Unidos e o arrefecimento da economia chinesa foram os principais riscos políticos apontados pela Banco Fator Corretora em relatório que analisa os fatores-chave para a bolsa brasileira para o ano de 2012.

De acordo com o relatório, o foco das atenções do mercado vem se alternando entre esses três pilares. No início do ano, as atenções se mantiveram na Zona do Euro e há alguns meses passou a ser os Estados Unidos. Depois disso, os holofotes se voltaram para a China e retornou novamente para a Europa.

Riscos políticos que abalaram Europa e EUA
Em relatório, a analista Lika T. Takahashi explica que enquanto a crise na Zona do Euro continuar a inflar a ideologia nacionalista, as tensões criadas pela globalização e seus efeitos sociais e culturais podem ser elementos importantes nas perspectivas da região, pois “tendem a provocar implicações importantes sobre a política monetária, fiscal e comercial”.

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Enquanto isso, nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama e os republicanos enfrentam um ambiente cada vez mais polarizado e com divisões ideológicas. Segundo ela, a recente falha do Super Comitê mostra que republicanos e democratas, mesmo quando ofericida a melhor das possíveis condições, não conseguem chegar a um acordo.”O colapso das negociações estabelece um choque fiscal ruim, o que se tornará mais um fator de pressão sobre a frágil recuperação econômica”, afirma.

China: necessidade de reestruturação
Nos últimos meses do ano as preocupações com a economia chinesa começaram a ganhar mais destaque no mercado, que passou a fixar as suas atenções tanto nas diversas bolhas domésticas quantos nos últimos dados econômicos, que mostraram sinais de arrefecimento da economia.

A analista explica que a expansão rápida na China tem sido estimulada por crescentes investimentos que geram retornos cada vez menores, acompanhada de significativo aumento de dívida. “Fraqueza na Europa e nos Estados Unidos é bem conhecida, mas ninguém espera por hora, um pouso qualquer na China”.

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Contudo, a analista alerta que não se deve esquecer a perspectiva de que 20% de suas exportações são direcionadas a Europa. “Considerando que os últimos dados econômicos já mostram arrefecimento, a inflação deve continuar a desacelerar em uma velocidade até maior, o que abre mais espaço para Pequim colocar medidas seletivas de política monetária, o que deixará a China rumo a um pouso suave”, afirma a analista.

Brasil navega em direção oposta
Enquanto o risco de desaceleração da economia assola o desempenho das maiores economias do mundo, no Brasil a expectativa é de que o crescimento seja superior e, em contrapartida, é aguardada uma redução da inflação. O economista-chefe da Fator Corretora, José Francisco Golçalves, estima que o PIB (produto Interno Bruto) cresça 3,5% e a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) caia para 5,1%.

Segundo ele, a demanda interna continuará a ser responsável pelo crescimento, já que o mercado externo poderá ser afetado por eventual queda abrupta das commodities por conta da desaceleração dos EUA, Europa e China.

Em função disso, o Banco Central começou a reduzir a taxa básica de juros no final de agosto. “Muito criticados, Tombini [Alexandre Tombini, presidente do BC] e sua equipe têm provado que estava à frente da curva”, comenta, fazendo menção ao fato de que o mercado futuro de curvas de juros brasileiro precifica 9,5% para o final de 2012.

Bolsas podem cair novamente em 2012
Enquanto no Brasil é esperada uma condição econômica mais favorável, os ruídos políticos devem aumentar no próximo ano no front externo, considerando que haverá eleições presidenciais nos Estados Unidos e na França, mudança de liderança na China e que, em 2013, a Alemanha também elegerá seu chanceler. “Pressões resultantes de anos eleitorais tendem a complicar a dinâmica política, que já está difícil e imprevisível”, analisa.

Por outro lado, o modelo do ciclo recente de alavancagem das nações desenvolvidas sugere que a bolsa possa se valorizar em 2012, pois investidores esperam uma resolução na Europa e que apesar de acontecer desaceleração, não deve ser acompanhada uma recessão nos EUA. Os analistas aguardam ainda por um “pouso suave” na China e consideram que “os balanços corporativos estão sólidos, o mundo está cheio de dinheiro, e os múltiplos estão baixos”.

A analista afirma que, de fato, algumas dessas premissas podem mover as ações para cima no próximo ano. Entretanto, o super ciclo de alavancagem dos mercados desenvolvidos terminou em 2011 e, assim, o modelo anterior se tornou obsoleto no longo prazo.

Isso significa que no novo ciclo, onde o crescimento será escasso e não mais abundante, haverá contração de múltiplos. “Em geral, o ambiente para as bolsas tem sido caracterizado por múltiplos mais do que justos, contínuas pressões econômicas, perfil risco/retorno não atraente e elevado nível de complacência. Este ambiente reforça a tese de que as bolsas podem cair novamente em 2012”, alerta a analista, que estima um preço-alvo para o Ibovespa de 60 mil pontos em dezembro do próximo ano. 

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