Com suas atitudes, PSDB perde motivação pró-reforma, afirma Gustavo Franco

"O PSDB não abraçou por inteiro a pauta de neoliberal, de reformas e quer ser uma coisa mais agregadora, mais ecumênica, e com isso acaba ficando um pouco mais ambíguo", afirmou o ex-presidente do Banco Central

Bloomberg

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O partido político que durante décadas tem sido o defensor das reformas pró-mercado no Brasil está perdendo sua determinação antes das eleições de 2018, disse o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco. Gustavo Franco tornou-se um dos principais apóstatas do PSDB depois de desertar em setembro. Seu ex-partido, disse ele, está constrangido por divisões irreconciliáveis antes da convenção de 9 de dezembro que deverá decidir o novo presidente do partido e o candidato presidencial – esta será a melhor chance de resolver as diferenças antes das eleições.

“O PSDB não abraçou por inteiro a pauta de neoliberal, de reformas e quer ser uma coisa mais agregadora, mais ecumênica, e com isso acaba ficando um pouco mais ambíguo”, disse o economista. “Acho que a sociedade espera mais do próximo governo e acho que a oportunidade de reforma mereceria talvez uma abordagem mais ambiciosa. Mas ela não vai vir do PSDB”.

O terceiro maior partido do país no Congresso foi atolado pela indecisão neste ano. Como parte da coalizão governista, os membros do PSDB debatem quanto ao apoio à reforma da Previdência, parte fundamental dos esforços do Brasil para colocar suas finanças em ordem. A liderança do partido já mudou de mãos três vezes este ano após o senador Aécio Neves ser envolvido em um escândalo de corrupção.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um político experiente porém menos carismático e que deve ser formalmente anunciado como o presidente do PSDB neste fim de semana, está tão atrás nas pesquisas eleitorais que teria dificuldade em chegar no segundo turno. Isso seria um golpe para um partido que já ganhou ou ficou em segundo lugar em todas as eleições presidenciais desde 1994.

Não é de se admirar que os brasileiros vejam o PSDB como um partido “gasoso” que se tornou “prisioneiro de suas ambigüidades”, disse Franco na sede do Rio do partido ao qual acaba de aderir, o Novo.

O escritório do Novo em Ipanema tem ar de uma start-up tecnológica: funcionários usando laptops e um quadro branco com slogans rabiscados como “Desperta Já!”; duas obras de arte abstratas emolduradas que parecem talvez ter vindo com o espaço; atrás da recepção, não há secretária, nem mesmo uma cadeira.

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O Novo tornou-se o 33º partido do Brasil em 2015 com os objetivos de reduzir o tamanho do estado, cortando a carga tributária e melhorando os serviços públicos. O Novo tem cerca de 14 mil membros, de acordo com o TSE, 100 vezes menor do que o PSDB.

Mas Franco não se sente desencorajado. Ele disse que pequenos partidos, em associação com os movimentos civis que surgem, irão interferir nas eleições e formar um influente bloco do Congresso para impulsionar reformas economicamente liberais e modernizadoras. Além disso, ele acrescentou com um leve riso, “todo dia vem mais um” do PSDB para se juntar às fileiras de novos grupos como o partido Novo.

Alguns desses partidos são “iniciantes, são start-ups no mundo político”, disse ele. “Mas uma start-up pode ser o Google de amanhã, não é isso? Vamos ver em 2018.”

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