Com saída de Zoellick, Lula pode ser o novo presidente do Banco Mundial?

Simbolismo de apontamento de um líder proveniente de um país em desenvolvimento seria enorme, afirma Gregory Chin, do FT

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O ex-presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, pode ser o próximo presidente do Banco Mundial, destacou Gregory Chin, professor de ciências políticas da universidade canadense de York University e colunista do Financial Times. A saída de Robert Zoellick do cargo abriu espaço para discussões sobre qual seria o perfil do próximo presidente da autarquia – instituída com o acordo de Bretton Woods no pós segunda guerra mundial.

“Há uma demanda para que o próximo presidente não seja norte-americano, uma tradição desde a fundação do Banco Mundial”, afirma Chin. Ele acredita que, enquanto os países desenvolvidos preferem discutem as distorções globais no comércio e nas finanças, os países em desenvolvimento têm uma agenda pautada por maior representação nos mecanismos, como o próprio banco e o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Brasil luta por reconhecimento
Já há algum tempo, a política externa brasileira tem focado em buscar maior reconhecimento para o País – fato que pode ser comprovado na tentativa de obter um assento permanente no conselho de segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), suas contribuições para a ADI (Associação Desenvolvimento Internacional) e suas frequentes tentativas de coordenar tratos internacionais. 

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Em relação ao Banco Mundial, o Brasil também possui maior reconhecimento. “Não há razões para que o presidente seja de uma nacionalidade específica. Deveria ser apenas alguém competente e capaz”, destacou Guido Mantega, ministro da Fazenda brasileiro. Para Chin, Lula seria um nome possível. 

Lula como líder de emergentes
O professor lembra das características do ex-presidente, que se mostrou um líder hábil e carismático durante os oito anos que governou o País. “Sob Lula, o Brasil entrou na crise financeira global forte e bem governado, saindo mais rapidamente que as economias mais avançadas”, afirmou Chin. Enquanto isso, os bancos nacionais e as empresas multinacionais brasileiras continuaram a se fortalecer. 

Lula sempre foi uma figura robusta nas reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias mundiais), demandando reformas para o sistema representacional nas instituições. Ele também foi um importante líder do mundo em desenvolvimento, advocando por maior laço entre essas economias, incluindo o continente africano. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China) também receberam apoio do ex-presidente. Assim, Lula também se tornou um líder respeitado pelos países desenvolvidos, levando a ser eleito “Pessoa do Ano” por duas respeitadas instituições de ciências políticas na Europa. 

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Banco Mundial precisa de uma mudança?
Chin lembra que apontar Lula como presidente não resolveria os problemas de legitimidade enfrentados pelo Banco Mundial. A instituição apenas recentemente começou a apontar pessoas de países em desenvolvimento para cargos importantes, com o chinês Lin Yifu ascendendo ao papel de economista-chefe. Assim, o simbolismo da presidência de Lula seria enorme. 

Contudo, é possível que Lula não aceite a nomeação por conta de seu estado de saúde – o ex-presidente batalha contra um câncer na laringe. Assim, o professor destaca que a procure deve ser por um nome com credenciais similares, se não, iguais. 

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