Com popularidade de governantes em queda, o que acontece com as estatais na bolsa?

Analistas comentam se e como cenário político conturbado pode influenciar nos papéis de empresas comandadas pelo governo agora e após as eleições

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – 29 pontos percentuais. Esse é o número que representa a diferença das pessoas que avaliam a gestão Dilma Rousseff como ótima ou boa entre o auge de popularidade da presidente em março de 2013, quando atingiu 65% e os atuais 36% de aprovação que a governante possui, segundo dados recentes do instituto Datafolha.

Com um cenário político incerto a frente, o InfoMoney conversou com analistas do mercado financeiro para saber como isso interfere nas ações de três grandes empresas controladas pelo governo federal, uma controlada pelo governo de São Paulo e uma controlada pelo governo de Minas Gerais, todas com capital aberto na bolsa.

Na situação política atual, os possíveis candidatos presidenciais que aparentam ter potencial para enfrentar a presidente Dilma são o tucano Aécio Neves e a ex-ministra Marina Silva, que provavelmente concorrerá pelo novo partido chamado Rede.

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Em pesquisa feita pelo Datafolha sobre a intenção de voto dos eleitores para o pleito de  2014, no cenário em que eram incluídos os três políticos mais o governador de Pernambuco Eduardo Campos, Dilma liderava com 35% das intenções, seguida por Marina Silva (26%), Aécio Neves (13%) e Campos (8%).

Banco do Brasil
Para Roberto Indech, da área de estratégias da
Rico.com.vc, uma mudança no cenário eleitoral pode ser positiva para o Banco do Brasil. O analista acredita que essa queda na popularidade da presidente pode valorizar os papéis do Banco do Brasil em um futuro mais próximo das eleições.

Essa informação é baseada principalmente por conta da política de redução de juros dos bancos e, consequentemente, a redução do spread bancário, que prejudicou o setor e fez com que o mercado não visse com bons olhos a atuação de Dilma no setor.

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Em relação aos concorrentes de Dilma, o analista afirma existir incerteza no projeto econômico de Marina Silva, uma vez que ela ainda não formou uma equipe econômica nem mostrou o que planeja fazer em relação a esse setor.

O analista Flávio Conde, da Gradual Investimentos, acredita que é muito cedo para precificar os papéis da empresa em relação às eleições. O foco, para ele, está mais nos resultados da empresa. No entanto, Conde acredita que nenhum dos principais candidatos deve ameaçar os resultados do Banco, portanto, não haveria uma grande influência nos papéis.

Petrobras
“Caso a Dilma autorizasse o reajuste do combustível, haveria mais queda de popularidade ainda”, afirma o analista Ricardo Correa da Ativa Corretora. “O custo político (do reajuste) seria muito alto para a presidente, mesmo ele sendo extremamente necessário”, complementa.

O analista se refere à defasagem de preços da gasolina praticados no Brasil e no resto do mundo. Segundo analistas, essa diferença estaria na casa dos 23%, o que faz com que seja necessária a autorização para um aumento de preços da gasolina no intuito de garantir que a empresa apresente resultados melhores.

Correa ainda afirma que, dado o histórico do PSDB, provavelmente Aécio Neves seria um candidato que agradaria mais o mercado e consequentemente faria com que os papéis da empresa se valorizassem. Mas, de qualquer forma, ressalta que esse reajuste será um grande custo político para quem assumir a presidência em 2015.

Para 2014, o analista acredita que os papéis da empresa apresentarão grande volatilidade, mas que, no geral, deve ser um ano com desempenho melhor que 2013. Ele ressalta ainda que a Petrobras continua sendo um investimento visto com bons olhos pela corretora quando considerado o longo prazo, porém com problemas em um futuro mais próximo.

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Na mesma linha está o analista da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa. “Modificações no preço da gasolina ou paridade com o preço econômico internacional são demandas do mercado que dificilmente serão resolvidas nesse ou no próximo governo”, afirma.

Para o analista, no entanto, a empresa possui um planejamento sólido e que já prevê soluções para problemas que a afetam a companhia. “A Petrobras é muito grande e tem possibilidades potenciais de desenvolvimento muito grandes”, afirmam os analistas.

O analista acredita que não existam tantas modificações para a empresa nesse cenário atribulado de eleições, ao menos por enquanto. Ele cita ainda, como exemplo, a questão do abastecimento, que deve ser resolvida de forma que a empresa não tenha que importar tanto combustível através do investimento em novas refinarias e na exploração de campos.

Eletrobrás
Para Roberto Indech, da Rico, não devem acontecer mais decisões de cunho político em relação à empresa do setor elétrico, uma vez que essas questões já foram decididas anteriormente e não devem ser alteradas.

Com isso, provavelmente um cenário político turbulento não influenciará nos papéis da companhia que já foram bastante penalizados depois das regulações no setor elétrico feitas ano passado pelo governo federal, segundo o analista.

O analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, acredita que o panorama para a Eletrobrás ainda não está claro. Galdi ressalta os problemas pelos quais a empresa passou recentemente, como demissões em massa, e problemas ainda persistentes, como o inchaço da estrutura da companhia.

CESP
Outra empresa comentada pelos analistas é a CESP (Companhia Energética de São Paulo). Para o analista Thomas Chang, da corretora Um Investimentos, o setor elétrico não deve sofrer interferências por parte da administração atual no governo estadual de São Paulo. Já outros 
setores, como o de concessões, podem ser mais influenciados.

No estado de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, possível candidato para as eleições de 2014, está com a sua popularidade baixa – apenas 26% da população considera a gestão do tucano ótima ou boa, segundo pesquisa encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) para o Ibope. Além disso, protestos contra o governador ainda ocorrem na cidade de São Paulo e acusações acerca do escândalo nas concessões do metrô também o afetam politicamente.

O cenário político que se desenha para o próximo ano ainda é incerto tanto para o público quanto para os analistas. Alguns dos possíveis candidatos são os peemedebistas Gabriel Chalita e Paulo Skaf, o petista Alexandre Padilha, ou ainda o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab do PSD.

“Em caso de um novo governador em 2014 o cenário muda todo”, afirma Thomas Chang. Segundo o analista, os boatos de que a CESP pode ser privatizada são potencialmente bons para as ações da companhia. Além disso, o Chang ressalta que a empresa, de forma geral, não aceitou muitas imposições e que é mais independente de pressões políticas do que outras companhias estatais do setor.  

Cemig
Em relação à estatal mineira de energia, o analista Pedro Galdi acredita que a empresa tem um histórico mais confiável do que a Eletrobrás. “A Cemig tem um histórico bem tranquilo, não há uma descontinuidade de modelo, diferentemente de outras estatais do setor”, afirma.

Atualmente, o foco principal do analista está nos resultados da empresa e não na renovação de concessões da empresa, que vencerão em 2015 e 2017 e podem afetar a produção da companhia no futuro.

Em Minas Gerais o governador do PSDB Antonio Anastasia é um dos mais populares do país, nos estados pesquisados, segundo pesquisa do Ibope. O analista acredita que os outros candidatos, inclusive o possível indicado de Anastasia para sua sucessão, ainda não são conhecidos pelo mercado e por isso é difícil prever atualmente como o cenário político pode influenciar a estatal.

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