Com política externa fracassada, Dilma se volta para os EUA para tentar recuperação

Com o crescimento estagnado, a desaceleração da economia da China e o consumo diminuindo, a presidente está tentando se aproximar dos EUA e deixar para trás o caso de espionagem da agência americana NSA no Brasil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A crise econômica está forçando Dilma Rousseff a mudar, também nas relações internacionais, como destaca o jornal Wall Street Journal. Com o crescimento estagnado, a desaceleração da economia da China e o consumo diminuindo, a presidente está tentando se aproximar dos EUA e deixar para trás o caso de espionagem da agência americana NSA no Brasil. 

Os EUA, o maior mercado consumidor do mundo, tornou-se um foco de suas aberturas diplomáticas. “A urgência foi sublinhada na semana passada, quando o Brasil registrou um déficit comercial em fevereiro de US$ 2,8 bilhões, o pior desempenho mensal desde 1980. No ano passado, as exportações brasileiras para todas as regiões do mundo caíram, com uma exceção, justamente na relação Brasil-EUA, em grande parte graças às compras americanas de aeronaves brasileiras.

O ministro do Comércio Armando Monteiro tornou-se no mês passado o primeiro membro da nova equipe econômica de Dilma para visitar os EUA desde que ela começou seu segundo mandato. O ministro das Finanças, Joaquim Levy, também se reuniu com investidores em Washington e Nova York.

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E, agora, Brasília e Washington estão trabalhando para que Dilma Rousseff viaje aos EUA e encontre Barack Obama ainda neste ano. A visita iria ajudar a aliviar uma disputa que surgiu em meados de 2013, quando o ex-empregado da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos Edward Snowden expôs o esquema de espionagem americana sobre as empresas e os cidadãos brasileiros, inclusive Dilma.

“É um fato relevante: o Brasil precisa exportar mais, por isso precisa de laços mais fortes com os EUA”, disse um oficial brasileiro.

 Os EUA, por sua vez, poderiam se beneficiar de laços mais estreitos com a maior democracia da América Latina, cuja liderança é respeitado em toda a região. Enquanto os EUA entraram em confronto com o Brasil, a influência do Brasil com líderes hostis aos interesses americanos poderia ajudar a abrir portas para Washington, afirmou Peter Hakim, presidente emérito do grupo de pesquisa da Inter-American Dialogue. “A melhor relação com o Brasil … significaria, por si só, um melhor relacionamento com a América Latina”, disse Hakim. 

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Dilma assumiu a presidência o cargo em 2011 e apoiou o sucessor de Chávez e também o herdeiro político, Nicolás Maduro, e no ano passado comemorou a abertura da de um porto que o Brasil está financiando em Mariel, em Cuba. Mas o jogo está mudando rapidamente, e Dilma está sendo forçada a se ajustar, pelo menos quando se trata de comércio. Pequim reduziu suas compras de commodities brasileiras, enquanto 

“Com o crescimento da China em declínio a uma previsão pelo Banco Mundial de 7,4% em 2014, de 14,2% em 2007, Pequim reduziu suas compras de commodities brasileiras. O comércio com o bloco comercial sul-americano Mercosul tem abrandado, também. Brasil registrou um déficit comercial US$ 4 bilhões no ano passado, seu primeiro déficit anual desde 2000, de acordo com dados do Ministério do Comércio. 

E os EUA devem ganhar papel de destaque no Plano Nacional de Exportação, que será anunciado nos próximos dias trará os mercados prioritários para negociações de acordos comerciais. 

Este mês, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro reuniu-se em Washington com representantes americanos para discutir e promover o uso internacional de etanol. “O Brasil sempre teve uma compreensão da importância da relação com os EUA”, disse Monteiro. “Vemos isso como uma grande prioridade.”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.