Com foco em crise econômica, PSDB diz que a “máscara de Dilma caiu”; assista ao programa

Com críticas ao que chamou de perda do controle da inflação, juros elevados, alta do desemprego e "economia igual a caranguejo", o partido diagnostica um governo sem rumo e mau pagador

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Os efeitos da crise econômica sobre a vida dos trabalhadores é o mote do programa do PSDB que vai ao ar em cadeia nacional, na noite desta segunda-feira (28), e tem duração de dez minutos. Com críticas ao que chamou de perda do controle da inflação, juros elevados, alta do desemprego e “economia igual a caranguejo” (andando para trás), o partido diagnostica um governo sem rumo e mau gestor.

Primeiro político a aparecer no vídeo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, diz que o país vive uma de suas piores críticas da história e o governo liderado pelo PT teria escolhido o pior caminho para enfrentá-la: aumento de impostos e juros. “O Brasil não pode ficar parado por mais três anos. Só vamos sair dessa crise com mais investimento, crescimento e geração de emprego”, disse Alckmin – um dos nomes mais cotados dentro do partido para a corrida presidencial de 2018.

No embalo de uma leitura que prioriza as dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff nos campos econômico e político, o senador José Serra (PSDB-SP) diz nunca ter visto o país em uma situação tão difícil como aquela. “Nós avisamos: está entrando água no barco, pode afundar. Mas o PT se fez de surdo e não cuidou de prevenir a crise; só pensou em ganhar a reeleição”, atacou o ex-governador, derrotado por Dilma na disputa pela Presidência em 2010. “Os brasileiros não podem mais pagar a conta dessa incompetência do PT. Sabe de uma coisa? Eu acho que está na hora de o PT pagar pelos próprios erros”, complementou.

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Confira o vídeo na íntegra:

Em tom de ataque ao governo do início ao fim como estratégia de comunicação, o partido também fez uso de insinuações que o tempo todo remetem à possibilidade de Dilma deixar o cargo máximo do Executivo nacional via impeachment ou impugnação via TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O clímax da retórica nebulosa é alcançado durante a fala do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que pede um gesto de grandeza da petista.

“A gestão de Dilma está derretendo: a economia vai muito mal e a presidente é refém de uma base de sustentação no Congresso que, a cada dia, é mais do tipo toma lá, dá cá. Ela, na verdade, está pagando pela herança maldita que Lula deixou”, diz FHC apresentando o desenho de uma falta de sustentação da atual gestão. “Está na hora de a presidente ter grandeza de pensar no que é melhor para o Brasil, e não para o PT”.

O cenário de instabilidade do governo se mistura a mudanças de posição de Dilma nas críticas construídas. Durante o programa, o PSDB usa da argumentação do “estelionato eleitoral e reclama de situações como a que culminou no envio da volta da CPMF ao Congresso. O partido lembra que a presidente era contrária ao imposto, mas meses depois usou como ferramenta para cobrir o déficit parcial apresentado para o Orçamento do ano que vem – considerado um dos principais motivos para a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s neste mês.

Para além de todas as críticas construídas, a construção da narrativa do programa coloca o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do partido, hoje em posição de estrelismo para novos cenários caso Dilma deixe o governo. Para o candidato derrotado no ano passado ter chance de assumir o posto que almeja, seria necessário que o vice-presidente Michel Temer fosse afastado junto com a atual mandatária ou não aceitasse ocupar o cargo. No primeiro caso, a alternativa seria a impugnação da chapa via TSE. Em situação de impeachment, Temer pode assumir.

Enquanto os outros três oradores anteriores no vídeo – Alckmin, Serra e FHC – constroem a narrativa da crise, desespero e dor, o mineiro surge como voz de conforto, com uma trilha suave de violão ao fundo. As soluções propostas pelo partido, apresentadas de forma generalista no programa, são centralizadas nele, que aparece por duas vezes no vídeo. Até mesmo a referência ao Plano Real como programa econômico bem-sucedido para a superação de uma crise foi feita por ele, e não por Fernando Henrique. O mineiro falou por 3 minutos e 18 segundos, enquanto os outros três juntos somaram 1 minuto e 45 segundos.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.