Com estratégia de ataque, Cunha, Renan, Anastasia e mais reagem à lista de Janot

Presidente da Câmara dos Deputados, Cunha afirmou que está tranquilo "porque não deve nada" e que o processo não vai prejudicar a sua condução na presidência da Câmara dos Deputados e voltou a criticar Janot

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na noite da última sexta-feira, foi divulgada a lista com os nomes para autorizar a abertura de inquérito, dos quais 47 dos investigados são políticos. Eles serão investigados em 21 inquéritos instaurados no tribunal por suspeitas de participação no esquema de corrupção da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato.

Dentre os investigados, nomes importantes de cinco partidos: PT, PMDB, PP, PTB e PSDB, incluindo o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Serão investigados também os senadores Fernando Collor de Melo (PTB-AL) e Antonio Augusto Anastasia (PSDB).

E a divulgação levou a diversas reações de políticos. Cunha, um dos citados na lista do procurador geral da República Rodrigo Janot, atacou sistematicamente o governo Dilma no último final de semana. Em entrevista ao programa Canal Livre na madrugada de segunda-feira, ele afirmou que o governo Dilma tem um problema político e tem que apaziguar a sua base. “E depois vai ter que encontrar um caminho para mostrar às pessoas que o ajuste é necessário”. 

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Sobre a inclusão de seu nome na Lava Jato, ele afirmou que está tranquilo “porque não deve nada” e que o processo não vai prejudicar a sua condução na presidência da Câmara dos Deputados. Cunha voltou a criticar a forma como o procurador da República conduziu o processo, não descartando motivação política. O presidente da Câmara afirmou ainda ter achado estranho não contemplar mais nomes ligados ao PT, uma vez que o partido teria recebido R$ 200 milhões de propina do esquema de corrupção na Petrobras, segundo o ex-gerente de engenharia Pedro Barusco. 

Apesar das falas, reportagem do jornal O Globo destacou que documentos reforçam as acusações de Youssef contra Cunha. “Em seu depoimento de delação premiada, revelado na noite de sexta-feira, Youssef afirmou que Cunha era um dos beneficiários das propinas vindas da estatal, mais especificamente em um contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui, que teria como representante no Brasil o executivo Júlio Camargo, que também está fazendo delação premiada. Dois requerimentos da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara mostram que, conforme disse Youssef, aliados de Cunha fizeram pressão pública sobre a Mitsui e sobre Camargo. O motivo, segundo o depoimento, seria uma suposta interrupção no repasse de propinas para o partido”, destaca o jornal. 

Renan Calheiros também fez críticas a Janot em nota e disse que o procurador-geral da República ao dizer que elke “atropelou a legislação” ao encaminhar para o STF (Supremo Tribunal Federal) pedidos de abertura de inquérito contra congressistas suspeitos de envolvimento no esquema desbaratado pela Operação Lava Jato sem ouvir os citados, o que levaria ao “cerceamento da defesa do político”. “Essa grave e deliberada omissão subtraiu do Presidente do Congresso, contra a lei, a oportunidade de contestar as inverdades levantadas contra a sua pessoa.”

Já Anastasia se defendeu das acusações em suas redes sociais, ao dizer que afirma desconhecer Jayme Alves Oliveira Filho. O inquérito aponta que Jayme entregou em 2010 uma mala com aproximadamente R$ 1 milhão na cidade de Belo Horizonte e teria transportado o valor para o doleiro Alberto Youssef, que teria dito que o dinheiro era para Anastasia. Nos depoimentos, porém, Youssef nega que tenha pedido para entregar valores especificamente para o senador.

Anastasia afirmou que é “absolutamente falsa” a alegação de que teria recebido valores em dinheiro de Jayme, a mando do doleiro. O senador lembra que Youssef negou, em depoimento, que tivesse encaminhado a ele qualquer valor.

O PSDB afirmou que recebe, com serenidade, a divulgação da lista dos investigados e que ficou surpreso com a inclusão do nome de Anastasia na lista de investigados. “Torna-se agora imprescindível a análise dos fatos que ensejaram os procedimentos instaurados e, tão logo esse exame seja feito, [será preciso] tomar as medidas necessárias em relação aos nomes divulgados […]Temos a mais absoluta certeza de que tudo será plenamente esclarecido. Por conhecermos o seu proceder irretocável, em tantos anos de vida pública, temos a convicção de que a sua inocência será evidenciada.”

Já Fernando Collor de Mello (PTB-AL) reafirmou que não manteve nenhum tipo de relação com o doleiro Alberto Youssef e disse que está “limpo” e reage com veemência à inclusão de seu nome na lista de deputados e senadores alvo de inquérito na Lava Jato.

Por outro lado, de acordo com matéria da Folha de S. Paulo, alvo de um dos inquéritos da Lava Jato, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) diz que pode ter agido de forma imprópria, mas não ilegal. Ele confirma ter recebido por intermédio de Paulo Roberto Costa R$ 2 milhões, mas nega ter participado do esquema de corrupção na estatal. Farias diz que o dinheiro foi doado legalmente pela empreiteira Andrade Gutierrez e reconheceu que foi à sede da Petrobras para pedir doações. “De fato, você pode até dizer que é impróprio. Só que não ilegal”, afirmou.

Já o ex-deputado, ex-ministro e atual conselheiro do TCU (Tribunal de Contas dos Municípios), Mario Negromonte (PP), informou que tem “a mais absoluta convicção de que as investigações apenas confirmarão a completa insubsistência dos indícios supostamente relacionados” a ele. O político diz que está “à disposição das autoridades para cooperar nas investigações” e que nada deve “temer, já que jamais solicitou ou recebeu vantagens indevidas em qualquer cargo público que tenha ocupado e jamais contribuiu para qualquer prática ilícita, o que decerto restará confirmado ao final das apurações”.

Por outro lado, outros políticos não se importaram tanto com a inclusão de seus nomes na Lava Jato. Um deles é o vice-governador da Bahia, João Leão, que afirmou que está “cagando e andando”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.