Com eleições presidenciais à vista, Ibovespa deve ser marcado por volatilidade

Foco da semana deve dividir-se entre desempenho dos novos papéis da Petrobras, agenda externa e eleições domésticas

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Enfim, a capitalização da Petrobras (PETR3, PETR4) acabou, faltando apenas, agora, a estreia dos novos papéis na BM&F Bovespa, o que deverá ocorrer na segunda-feira (27) e será uma importante base para o Ibovespa na abertura das negociações na próxima semana, acredita Julio Hegedus Netto, economista da InterBolsa Brasil.

Na sexta-feira, as ações da estatal encerraram a sessão com recuo de 1,98% para as ordinárias e baixa de 1,87% para as preferenciais. Os papéis fecharam cotados no mesmo valor anunciado pelo Conselho de Administração da empresa na véspera, já que as ações preferenciais registraram preço de R$ 26,30 cada, a mínima da sessão, enquanto as ordinárias fecharam em R$ 29,65.

Para Hegedus, a volatilidade deve ser exarcebada, pois existe a perspectiva de que parte dos investidores tente flipar os papéis – ou seja, vendê-los no dia da estreia no momento certo para obter lucro. Ainda assim, é possível que a situação da estatal comece a melhorar um pouco, especialmente porque as incertezas com o processo, enfim, foram todas dizimadas, e o papel está muito barato, avalia o economista.

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Agenda recheada traz oscilações – para cima e para baixo
No entanto, Hegedus não está muito otimista. “Acho que o mercado continuará volátil”, aponta, já que, em termos globais, ainda não há direção definida de crescimento, com alguns indicadores favoráveis nos EUA nos últimos pregões, como números do mercado imobiliário, que melhoraram na margem, e outros nem tanto. 

Os pedidos de auxílio-desemprego, por exemplo, avançaram na última semana, e o mercado de trabalho continua a ser uma preocupação marcante em relação à economia norte-americana. O economista lembra que a flexibilidade dos fatores de produção nos EUA, especialmente da mão de obra, sempre foi fundamental para recuperações mais rápidas, e dessa vez o ritmo está bem mais lento. Nesse ponto, vale lembrar que analistas norte-americanos começam a pensar em taxa de desemprego estrutural em patamar superior, devido a alguns fatores que, aparentemente, diminuíram justamente essa flexibilidade mencionada por Hegedus. 

Na agenda da semana, além de indicadores de atividade nos EUA e na Europa, destacam-se ainda a confiança do consumidor norte-americano, os preços dos imóveis e indicadores de renda e gasto pessoal nos país. Desse modo, o economista acredita que os mercados passarão por uma fase em que a cada dia observa-se uma nova história, de acordo com a agenda, com altas e correções.

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O Fed e o PIB
“O mercado está operando muito no curto prazo, oscilando muito”, menciona Hegedus, indicado a ausência de ciclos mais prolongados de valorização. “Não há tendência firme”, completou. A expectativa com o posicionamento do Federal Reserve deve contribuir ainda para esse clima de poucas certezas. Investidores continuam de olho, observando a possibilidade da autoridade monetária norte-americana anunciar medidas adicionais, já que na reunião da terça-feira passada a instituição manteve o atual programa de recompra de ativos sem alterações.

Por outro lado, o Fed sinalizou que está atento à economia e disposto, caso necessário, a adotar estímulos para assegurar a continuidade da recuperação. Com a divulgação da revisão final do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA para o segundo trimestre, na quinta-feira (30), essa ansiedade ganha ainda mais corpo. Na segunda prévia, o produto norte-americano foi revisto, e de expansão de 2,4% passou para alta de 1,6%, baseado sobretudo em aumento do déficit comercial e dos estoques. 

“Acho que o risco do double-dip foi afastado e teremos uma economia em crescimento, mas em ritmo mais fraco. No entanto, não o suficiente para configurar novo surto recessivo”, apontou. 

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Eleições
Passando para o cenário interno, Hegedus destaca a produção industrial brasileira, na sexta-feira (1), pois será um dos parâmetros utilizados pelo investidor para aferir se o Banco Central está certo em manter a política monetária neutra ou se deveria ser mais cauteloso. Para Ivanor Torres, analista da Geral Investimentos, a atuação do Banco Central embute outra preocupação, com o ambiente eleitoral.

Completando o quadro volátil da semana, as eleições para presidência do País acontecerão no primeiro domingo de outubro. Até agora, as pesquisas de intenção de voto indicam vitória de Dilma Rousseff, candidata do PT, já no primeiro turno. No entanto, com alguns debates entre os candidatos marcados para essa semana e a proximidade do pleito, a hipótese de segundo turno deve trazer oscilações. 

Para Pedro Alceu, gerente de renda variável da TOV, pode haver alguma variação, mas em menor escala, já que os candidatos são muito parecidos e e já manifestaram intenção de prosseguir com as políticas macroeconômicas adotadas até aqui. Para Torres, da Geral, é possível, no entanto, que o governo, com vitória no primeiro turno, antecipe alguns movimentos adiados até aqui por causa das eleições, como ajustes na política econômico-monetária.

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Entre estes ajustes, o analista cita a possibilidade de alta na taxa básica de juros, já que a inflação voltou a incomodar, ou uma atuação mais agressiva para conter a valorização do real. 

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