Colunista InfoMoney: A década de ouro

Dilma terá pela frente uma "década de ouro", graças às condições internacionais favoráveis ao Brasil e à própria sorte, chamada pré-sal

Alex Agostini

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A economia brasileira deverá encerrar o ano de 2010 com o maior nível de crescimento econômico das últimas duas décadas, com taxa ao redor de 7,5%. Para que o Brasil atinja essa marca será necessário apenas que o PIB tenha desempenho de 5% no último trimestre do ano quando confrontado com o mesmo período de 2009.

No entanto, para o PIB atingir os 8% projetado pelo governo federal, em especial pelo ministro Guido Mantega, será necessário que apure desempenho de 7% no último trimestre, fato que não é nenhum desatino, mas com baixa probabilidade de ocorrência considerando que a taxa já está em desaceleração desde o segundo trimestre. O carro-chefe deste crescimento quase-chinês ficará a cargo dos setores industrial e de serviços, ambos apoiados sobre o estímulo fiscal e monetário empenhado pelo governo federal ao longo de 2009 e 2010.

Nesse contexto, o Brasil deverá encerrar o ano de 2010 como a 8ª maior economia do mundo, e já em 2011 deverá ultrapassar com facilidade a Itália e ocupar a 7ª posição, refletindo tanto a debilidade do país europeu como a forte valorização do real, que potencializa o PIB em dólares.

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“O bordão ‘nunca antes na história deste
País’ certamente continuará no discurso
do governo por alguns bons anos!”

Em tempo, vale destacar que a taxa robusta de 2010 é decorrência da necessidade de reconstruir a economia após o PIB ter amargado retração de 0,6% em 2009, portanto, a taxa média do período 2009-2010 deverá ficar apenas em 3,5%, que é praticamente um terço do crescimento chinês e indiano estimado para 2010.

No âmbito do crescimento econômico relativamente robusto, outras variáveis vão chamar atenção em 2010 como, por exemplo, o recorde no comércio exterior, mesmo sofrendo a queda de competitividade via preço devido ao real valorizado e a taxa de inflação que se distanciou um pouco da meta perseguida pelo Banco Central.

Há também o saldo em transações correntes e as contas fiscais que, apesar de se deteriorarem no período 2009-2010 devido às benevolências (em parte, necessárias) do governo federal, não deverão deixar sequelas. O saldo em transações correntes deverá ficar entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões e registrar sua marca na história como o maior valor já apurado desde 1947, quando iniciou a série.

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Já as contas fiscais, por seu turno, apesar de preocupantes quanto a sua consistência no médio e longo prazo, não deverão estremecer as estratégias de política econômica do novo governo, pois, além de já terem sido anunciados cortes no orçamento (e mesmo que fique no discurso), o vigor econômico deverá manter a trajetória galopante da arrecadação fiscal (isso sem contar com novos impostos ou contribuições) e, com isso, as contas públicas deverão se equilibrar na corda bamba sem grandes percalços.

Em tempo, vale lembrar que o grande volume de geração de empregos formais, com mais de 2,4 milhões de novos postos de trabalho em 2010, tem sido um forte aliado da previdência social, portanto, imagine o que poderia ser feito com o “rombo” na previdência social se houvesse a desoneração fiscal sobre a folha de pagamento.

Por fim, além de toda a comemoração que o governo Lula fará ao passar o bastão para Dilma, e transferir parte de seu capital político pelas condições econômicas que se encontra o País, a nova comandante terá pela frente uma “década de ouro”, graças às condições internacionais favoráveis ao Brasil, como pelos eventos de relevância mundial (Copa e Olimpíadas) e à própria sorte, chamada pré-sal.

Ah, e o bordão “nunca antes na história deste País” certamente continuará no discurso do governo por alguns bons anos!

Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating e escreve mensalmente na InfoMoney.

alex.agostini@infomoney.com.br

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