Cinco histórias de Brasília na semana que decidiu o futuro de Dilma Rousseff e do país

Da polêmica sobre os direitos políticos da presidente cassada ao comentário infame contra Michel Temer, a capital federal ferveu nesta semana

Marcos Mortari

Brasília puxou aceleração de preços na prévia do IPC-S

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SÃO PAULO – Nesta semana, o InfoMoney acompanhou de perto o processo de impeachment contra a presidente cassada Dilma Rousseff, seus desdobramentos e as expectativas do mundo político com a gestão Michel Temer passados os meses de interinidade.

A despeito do que se acreditava ser o último capítulo, a história ainda parece ir longe, com recursos no Supremo Tribunal Federal e até articulações no campo internacional.

De um lado, o peemedebista procura legitimação a partir de um plano de política econômica ortodoxo, enquanto do outro a esquerda se reorganiza para voltar à oposição.

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Fatiou a base
A divisão da votação do impeachment de Dilma Rousseff em duas partes e a consequente manutenção dos direitos políticos da petista provocou revolta entre os tucanos. O movimento foi atribuído a Renan Calheiros.

Ao final da sessão, senadores do partido deram seus recados ao governo: Cássio Cunha Lima falou em acerto em favor de Eduardo Cunha, Aécio Neves pediu compromisso e clareza dos peemedebistas. O clima esquentou.

Um senador petista já cantava a bola: os tucanos acabaram pagando maior ônus do impeachment que os próprios peemedebistas, sobretudo na reta final. Era difícil engolir uma concessão ao adversário derrotado nesse contexto…

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Por outro lado, era o momento para tornar a guerra fria entre as duas potências da base de Michel Temer um confronto direto e aberto? Quem ganharia com isso?

Na volta do almoço para a posse presidencial de cerca de 20 minutos, com um soldado a menos (Ronaldo Caiado, que anunciou posição independente ao governo) e fissuras a mais, as aparências já estavam restabelecidas e tom mais dócil entrou nos discursos na base. 

Primeiramente…
No plenário da Câmara dos Deputados, Chico Alencar orienta a bancada para uma votação: “Primeiramente…”, uma breve pausa na fala, “não é ‘fora, Temer’, agora não”, e continuou encaminhamento na sessão que discutia a Medida Provisória que cria o Programa de Parcerias de Investimentos.

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Antes, o deputado reiterou preocupação em conseguir quórum para a sessão de 12 de setembro, para que o plenário vote a cassação Eduardo Cunha. Ele exibiu uma carta de compromisso público assinada por líderes de bancadas para marcar presença na data. 

Até tu?
“Aqui está se tomando um mandato. É o que eu chamo de golpe branco, porque não estão usando armas de fogo. Estão usando aqui a caneta, os conchavos, os acordos, o oportunismo, as traições! E a Presidente está perdendo o mandato que conseguiu democraticamente na disputa das urnas. Eles espalharam, no dia da votação, a expressão ‘tchau, querida’. Pois é, tchau, querida, tchau à democracia, tchau às urnas e tchau à falta de respeito à Constituição brasileira!”.

Esse foi o discurso do senador Telmário Mota na votação sobre a admissibilidade do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, em 11 de maio. Mais de três meses depois, o parlamentar voltou a dizer que a presidente cassada não cometeu nenhum crime de responsabilidade e que se tratava de um processo meramente político.

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Surpreendentemente, Telmário optou por votar a favor do impeachment da petista no último 31 de agosto. A postura provocou a indignação de muitos e não foi compreendida. “Ele esteve presente em todas as nossas reuniões”, disse Randolfe Rodrigues.

Entre os motivos a que se atribui a “virada de casaca” estão o fato de o PT ter lançado candidatura própria para concorrer à prefeitura de Boa Vista (RR) e não apoiar seu candidato para o pleito deste ano. 

Em alta na baixa
O processo de impeachment de Dilma Rousseff contou com diversas interpretações sobre sua legalidade, causas e efeitos. Mas em Brasília existe uma avaliação majoritária sobre a habilidade de José Eduardo Cardozo na defesa da petista e que o ex-ministro sai fortalecido deste processo, a despeito do desfecho.

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Houve quem brincasse que, se o julgamento fosse contra ele, aquele discurso feito no plenário do Senado teria convertido votos de parlamentares. No mesmo sentido, escreveu o jornalista Ancelmo Gois que Cardozo sai do processo como um dos nomes fortes para a eleição presidencial de 2018. Seria exagero?

Golpista, eu?
Em seu primeiro discurso como presidente efetivo, Michel Temer disse que não tolerará ser chamado de golpista e que não vai ‘levar ofensa para casa’. A afirmação rendeu piada nos corredores de Brasília: “é claro que ele não vai aceitar ser chamado de golpista; é golpisto”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.