“Chocado” com queda de popularidade, governo Dilma faz força tarefa para reverter quadro

Avaliação é que o governo alimentou a expectativa negativa sobre o futuro próximo; expectativa é de que se retome a agenda positiva

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Palácio de Planalto ficou “chocado” com a queda de popularidade de Dilma Rousseff no último Datafolha, que mostrou a presidente despencando de 42% de ótimo/bom para 23%, enquanto o percentual de ruim/péssimo passou de 24% para 44%.

Conforme destaca a Folha de S. Paulo, o diagnóstico feito por integrantes do governo é de que a população se sentiu traída pelo discurso feito pela presidente durante a campanha versus a realidade mostrada após o período pré-eleitoral. Dentre os problemas, está a energia mais cara, racionamento de água em São Paulo e apagão em alguns estados.

Segundo o governo, a avaliação é que o governo alimentou a expectativa negativa sobre o futuro próximo, sem explicar que o cenário de aperto se destina a preservar as conquistas dos últimos governos do PT. 

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Alguns integrantes do Executivo também fizeram críticas sobre o aumento de tributos, bloqueio provisório de gastos, corte de subsídios e mudanças em regras de benefícios sociais. E os números mostraram que os resultados são as piores marcas de seu governo e a mais baixa avaliação de um presidente da República desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em janeiro de 1999 (46% de ruim/péssimo). 

Desta vez, ao contrário de junho 2013, quando a popularidade do governo também despencou, atributos pessoais da presidente também fora afetados pelo mau humor da opinião pública. Neste momento, Dilma é vista por parcela expressiva da população como incompetente e conivente com a corrupção na Petrobras”, ressalta a LCA Consultores.

E, conforme aponta o jornal O Estado de S. Paulo, a queda de popularidade de Dilma de forma abrupta fará com que o Planalto reveja a sua estratégia de comunicação. Auxiliares da presidente avaliam que é a hora da própria Dilma assumir o protagonismo da “batalha da comunicação” e defender a posição do governo perante a opinião pública. 

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Além disso, a recuperação da imagem de Dilma também passa por uma reformulação no Legislativo, aponta a publicação. O PT tentará se aproximar com o PMDB após a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, com os cargos do segundo escalão sendo colocados como moeda de troca. E Dilma tentará romper com o isolamento no Planalto. 

O governo também tentará fazer uma agenda positiva com o lançamento da terceira fase do Minha Casa Minha Vida nos próximos dias e do Mais Especialidades. O pacote anticorrupção e a proposta de emenda constitucional para aumentar as atribuições do governo na segurança pública também receberam destaque na expectativa de aumentar o respaldo popular. E o Planalto também estuda reformular os canais de comunicação direta da presidente com os eleitores, como o programa de rádio “Café com a presidenta” e a coluna semanal “Conversa com a presidenta”, que estão suspensos desde a campanha eleitoral.

Cenário complicado para Dilma…
Segundo a LCA Consultores, era difícil imaginar que a popularidade da presidente não sucumbiria à repetição da combinação de crescimento zero com inflação elevada, especialmente porque há fatores agravantes neste ano.

“Em primeiro lugar, a pesquisa ocorreu logo após a divulgação de notícias vinculando ainda mais o PT ao escândalo do Petrobras. Além disso, ao contrário de 2014, a estagflação deve vir acompanhada de elevação do desemprego. Ademais, o aumento de tarifas e impostos e o aperto em alguns benefícios sociais (seguro desemprego, abono salarial e pensões por morte) aumentarão o mal estar social, sem contar o desconforto provocado pelos cada vez mais prováveis “apagões” de água e de energia. Assim, a curto prazo, não se vislumbram elementos capazes de reverter a queda da popularidade. Ao contrário, é possível que caia mais um pouco até meados do ano”, afirmam os consultores.

A LCA Consultores ressalta que a ampla e acentuada queda da popularidade aumentará a fragilidade política do governo neste início de mandato, trazendo duas consequências previsíveis. Em primeiro lugar, o aumento da resistência da base aliada aos interesses governistas, notadamente ao ajuste fiscal; e, da parte do governo, o estímulo para que se seja criada uma agenda positiva. “Em conjunto, esses dois movimentos atuam no sentido de reduzir o espaço político disponível ao ajuste fiscal, o que exigirá da presidente mais firmeza no apoio à arrumação fiscal”.

…mas não deve fazer com que presidente volte atrás
“Apesar da piora na popularidade do governo não acreditamos que aprovação das primeiras medidas do ajuste fiscal ficará comprometida”, afirmam os consultores. E avalia: a relação do governo com a sua base aliada no Congresso, notadamente em anos não eleitorais, depende mais da distribuição de cargos e verbas do que da popularidade da presidente.

“Mas o momento exige decisões importantes da presidente no campo político. Após a vitória de Eduardo Cunha na Câmara Federal, Dilma necessita de um choque de gestão na área política. Precisa se reconectar com Lula e Michel Temer e dar mais atribuições e poderes para Jaques Wagner, o único de seus ministros com perfil e qualificação para cuidar da articulação política do governo”, concluem os consultores.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.