Barômetro do Poder

Chance de eleição presidencial ser concluída no primeiro turno diminuiu após início de campanha, dizem analistas

Cresce percepção de que, embora Lula e Bolsonaro mantenham polarização, outros candidatos mostraram resiliência e podem evitar “voto útil” na reta final

Por  Marcos Mortari -

O início da campanha no rádio e na televisão e a intensificação da agenda dos candidatos têm levado analistas políticos a reduzirem apostas de que a eleição para a Presidência da República seja concluída em primeiro turno – cenário que dependeria que um dos nomes conquistasse mais de 50% dos votos válidos (ou seja, excluindo votos em branco, nulos e abstenções).

Nas últimas semanas, cresceu a percepção entre especialistas de que, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) mantenham a disputa fortemente polarizada, outros candidatos conseguiram mostrar resiliência e podem evitar o chamado “voto útil” na reta final do pleito, o que forçaria uma provável disputa em segundo turno entre a dupla.

É o que indica a 39ª edição do Barômetro do Poder, iniciativa do InfoMoney que compila mensalmente as avaliações e expectativas de consultorias de análise de risco político e especialistas independentes sobre alguns dos assuntos em destaque na política nacional.

O Barômetro não é uma pesquisa de caráter eleitoral e não tem como objetivo projetar cenários de intenções de voto. O projeto busca consultar algumas das vozes mais ouvidas pelos agentes econômicos no campo da política em sua tomada de decisões, de modo a reunir as principais leituras sobre o ambiente institucional no país e as tendências para temas de relevância nacional.

Nesta edição, realizada entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, o levantamento mostra que, em um intervalo de três meses, caiu de 34% para 0% o grupo de analistas políticos que atribuem probabilidade elevada de a eleição presidencial ser concluída no primeiro turno.

Em contrapartida, aqueles que veem chance reduzida de não haver um segundo turno saltaram de 40% em junho para 67% depois que a campanha começou. Outros 33% avaliam que a probabilidade é regular – em junho eram 27%, percentual que chegou a 46% no mês seguinte.

Considerando uma escala de 1 (muito baixa) a 5 (muito alta), a probabilidade média atribuída pelos analistas políticos consultados sobre a eleição presidencial ser concluída sem necessidade de segundo turno era de 2,93 em junho, caiu para 2,54 em julho e agora ficou em 2,27.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As apostas de que a disputa pelo Palácio do Planalto poderia ser resolvida já em 2 de outubro nunca foram muito elevadas, mas perderam intensidade com o início do período de campanha.

Há uma avaliação entre analistas de que os candidatos fora da polarização mantida entre Lula e Bolsonaro tiveram bom desempenho em sabatinas e no primeiro debate, o que pode ter contribuído para despertar a boa vontade dos chamados eleitores “nem-nem”, que demandam por uma opção na “terceira via” em vez de escolher um dos dois líderes da corrida.

Pesquisa feita pelo instituto Ipec, divulgada na última ontem (5), mostrou que Lula lidera a com 44% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 31%. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e a senadora Simone Tebet (MDB) têm, respectivamente, 8% e 4%. Já a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) e o cientista político Felipe D’Ávila (Novo) aparecem com 1% cada.

Em votos válidos, Lula e Bolsonaro somam 84% do apoio registrado pelo levantamento, sendo que o petista concentra 49% − patamar próximo do necessário para vencer sem necessidade de uma disputa de segundo turno.

Uma semana atrás, no entanto, a dupla tinha 87% dos votos válidos, e Lula concentrava 51% do apoio desconsiderando votos em branco, nulos e eleitores indecisos – o que, caso se repetisse em 2 de outubro, indicaria vitória em primeiro turno.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Barômetro do Poder mostra que, na avaliação dos cientistas políticos consultados, os candidatos com impacto mais favorável do primeiro debate entre presidenciáveis sobre suas campanhas foram Simone Tebet (4,86), Ciro Gomes (3,86) e Soraya Thronicke (3,43). Bolsonaro e Lula tiveram desempenho negativo na avaliação de 86% e 47%, respectivamente.

Esta edição levantamento ouviu 11 consultorias políticas: BMJ Consultores Associados, Control Risks; Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público e; Tendências Consultoria Integrada. E 4 analistas independentes: Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); João Villaverde (FGV-SP) e Thomas Traumann.

Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

Clique aqui para ter acesso à íntegra do levantamento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Compartilhe