Chamado de fraco, Temer rebate Dilma em entrevista: “os que se dizem fortes destruíram o País”

Em entrevista a Roberto D'ávila, da GloboNews, presidente ainda falou sobre retirada de servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência e comentou Operação Carne Fraca

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornalista Roberto D’ávila, da GloboNews, o presidente Michel Temer rebateu as declarações de sua antecessora, Dilma Rousseff, de que seria “fraco e medroso”, feitas em entrevista ao Valor Econômico. 

“Se eu for fraco e consegui fazer o que fiz pelo país, eu prefiro ser fraco do que ser forte. Porque, os que se dizem fortes, destruíram o país”, disse o presidente. Segundo Temer, as “pessoas acabam confundindo educação cívica e pessoal” com fraqueza. “Eu não vou mudar meu jeito, não. Sempre deu certo assim, vou continuar assim.”

Em meio à baixa popularidade de seu governo, Temer afirmou que não pratica atos populistas. “Eu faço distinção entre populismo e popularidade. Quando pratica atos populistas, são aquelas que agradam de imediato o povo, mas que são meio irresponsáveis, porque geram prejuízo posterior muito grande. A popularidade, não. A popularidade depende do que você faz hoje para ser reconhecido amanhã.” 

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Temer também falou sobre a polêmica criada após ficar apenas uma semana morando no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.  

“Nos primeiros quatro meses, eu era interino. Tenho seis meses de presidente efetivo. Resisti muito a ir para lá [Palácio da Alvorada] porque estava habituado ao Jaburu, que gosto muito. Quando insistiram muito para eu ir, pela questão simbólica, acabei indo, mas confesso que nós estranhamos muito. Fiquei uma semana lá e quase três noites sem dormir. Eu disse ‘melhor voltar para o Jaburu’ e deixo o Alvorada para recepções, encontros políticos. Estou muito feliz no Jaburu. Não sou supersticioso, mas também não deixo de acreditar em certas energias. […] Não me sentia à vontade, confesso, talvez pelo tamanho do palácio. Não quero dizer que é modéstia minha, mas se fosse pelo deslumbramento, eu ocuparia o Alvorada, cheio de possibilidades. Preferi ficar no Jaburu que me sinto mais confortável.”

Reforma da Previdência

O presidente também comentou sobre a retirada dos servidores de Estados e municípios da reforma da Previdência, o que foi visto como um recuo. De acordo com Temer, ele “só falhou em um ponto” quando mandou a reforma da Previdência, que foi invadir uma competência do estado membro da federação.

Desta forma, “tirei tudo aquilo que é administração estadual, é a chamada competência residual do estado. Uma das poucas competências que o estado tem. Quando você em nível federal, em nível constitucional, fixa uma determinação para o estado agir desta ou outra maneira, você está interferindo na autonomia do estado. Sob o foco político, percebi que os deputados e senadores diziam que a pressão vem dos servidores locais e isso é matéria do governo local. Ontem [terça, 21] declarei que está matéria fica por conta dos estados.”

Operação Carne Fraca

Sobre a Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal, o presidente afirmou ver a polêmica que se criou diante dos frigoríficos com uma “certa tristeza cívica”. Ele afirmou que  os danos causados ao País serão muito maiores do que poderiam ter sido não fosse o “espetáculo” injustificado na divulgação, principalmente diante do número de frigoríficos investigados (21) – representando uma “porção diminuta” dentro de um universo de 4.838.

“De repente, faz-se um espetáculo com este episódio e cria um problema internacional. Nós exportamos para a China quase US$ 2 bilhões por ano e a China suspendeu agora [a importação da carne brasileira] por uma semana apenas, e apenas relativamente aos 21 frigoríficos [alvos da operação da PF]”, completou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.