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SÃO PAULO – Os maiores riscos no Brasil são políticos e agora estão se inclinando para o lado positivo. Esta é a avaliação do Ashmore Group, gestora de recursos especializada em mercados emergentes, em relatório.
“Isso ficou evidente na semana passada, com os preços de ativos brasileiros subindo fortemente em resposta a vários desdobramentos políticos”, afirma a gestora, citando o mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo após a saída do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pressionado por ter perdido o controle da Operação Lava Jato.
A Ashmore destaca que o mercado se recuperou porque aumentaram as chances de que (a) a presidente Dilma Rousseff caia e (b) não seria mais viável que Lula concorresse à presidência, em 2018.
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Conforme destaca a Ashmore, o impeachment de Dilma quebraria o impasse político atual, que está impedindo reformas, enquanto a saída de cena de Lula de futuras eleições iria remover a maior ameaça para uma administração mais amigável do mercado em um pós-Dilma.
E, para a gestora, duas prisões em especial impulsionaram o ânimo dos mercados: uma delas foi a do marqueteiro das últimas eleições presidenciais do PT, João Santana. “Seu possível conhecimento do escândalo de financiamento de campanha significa que seu depoimento poderia fornecer a evidência necessária para anular o resultado da eleição de 2014, levando a novas eleições, o que poderia limpar as águas políticas mais cedo do que qualquer processo de impeachment”, afirma.
A outra é a prisão que animou o mercado foi a do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que pode afetar Lula e também reforça a percepção de que a probabilidade do ex-presidente voltar em 2018 é substancialmente baixa.
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Olhando para frente, a Ashmore destaca que a atenção agora se volta para a conferência do PMDB, maior partido da base aliada, em 12 de março. ” O PMDB é fundamental para o equilíbrio de poder no Parlamento e deverá determinar a sua estratégia na convenção. O PMDB escolherá seguir no governo ou jogará Dilma e o PT “debaixo de um ônibus” (expressão em inglês para descrever o sacrifício a um aliado por razões pessoais)?
Além disso, há as manifestações populares que chamarão a atenção nas principais cidades do Brasil em 13 de março.
“É claro que, se o PMDB romper com o governo Dilma e os protestos forem grandes o suficiente para mostrar o apoio público para impeachment em todo o Brasil (e não apenas em São Paulo), em seguida, um processo para a saída da presidente poderia avançar rapidamente com votações cruciais no Parlamento já no final de abril e para a entrada de um novo governo, liderado pelo vice-presidente Michel Temer até o final de maio.
“Mas os riscos para este cenário são numerosos. Por exemplo, Dilma, Lula e do PT podem resistir à sua morte política e mobilizar os sindicatos a fazerem protestos públicos (o que já está no radar). Além disso, a Lava Jato poderia envolver ainda mais políticos, incluindo líderes políticos da oposição”.
Assim, mesmo em meio às incertezas atuais, a dinâmica atual claramente aponta para um futuro político mais brilhante para o Brasil, mas não sem alguns fogos de artifício ao longo do caminho, afirma a Ashmore.
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