Caso confirmada, delação de Delcídio é “hecatombe política”, afirma analista

Assim como no escândalo do mensalão, o ‘fogo amigo’ poderá selar o destino do governo Dilma, mas é muito difícil comprovar a tese de que a presidente tenha “atuado para interferir na Lava Jato”

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Impactando totalmente os mercados na sessão desta quinta-feira, está a suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). De acordo com informações da Istoé, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff tentaram interferir na Lava Jato. 

Segundo o senador, Dilma teria conversado com auxiliares e nomeado ministros para tribunais superiores – principalmente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e citando Marcelo Navarro – favoráveis às teses das defesas de acusados da Lava Jato, enquanto Lula teria sido o mandante de pagamento de dinheiro para a família do ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. 

E essas novas revelações podem impactar e muito no atual cenário já delicado da política brasileira. “Caso confirmada [a delação], trata-se de uma hecatombe política. Assim como no escândalo do mensalão, o ‘fogo amigo’ poderá selar o destino do governo Dilma. É mais combustível para a oposição fazer decolar a agenda do impeachment”, afirma o analista político da Barral M. Jorge, Gabriel Petrus.

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O analista ressalta que ainda há muitos percalços técnicos e jurídicos para se validar ou não a delação de Delcídio. Segundo a Istoé, o acordo da delação não foi homologado até agora pelo ministro do STF Teori Zavascki por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio.

Contudo, afirma, o processo para comprovação da veracidade da delação implica que Dilma e Lula serão chamados a se manifestar e se defender nos autos, aumentando a pressão e o desgaste sobre ambos, que já estão em uma situação delicada. 

Segundo Petrus, do ponto de vista técnico, é muito difícil comprovar a tese de que Dilma tenha “atuado para interferir na Lava Jato” e lembra que as últimas nomeações do STJ (Superior Tribunal de Justiça) no último ano eram de ministros altamente técnicos. 

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“Isso pode fazer parte da estratégia de defesa do senador em tirar o foco sobre suas próprias movimentações. No entanto, política é feita de discurso e de versões; se essa versão prosperar na opinião pública, o processo de impeachment volta com força”, afirma Petrus. 

O cenário-baseda Barral M. Jorge é de que 40% de probabilidade do impeachment ocorrer, podendo aumentar a depender dos desdobramentos da Lava Jato. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.