Carla Zambelli e hacker viram réus por suposta invasão de sistema eletrônico do CNJ

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto são suspeitos de terem invadido os sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Fábio Matos

Carla Zambelli, deputada federal pelo PL de São Paulo (Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados)
Carla Zambelli, deputada federal pelo PL de São Paulo (Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados)

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Em decisão unânime, por 5 votos a 0, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto por suposta invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A denúncia apresentada ao Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi acolhida, nesta terça-feira (21), por unanimidade. Com isso, ambos os réus passam a responder ao processo na Corte. Ainda não há data para o julgamento.

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“Não há dúvida de que a inicial acusatória expôs, de forma clara e compreensível, todos os requisitos necessários para o pleno exercício do direito de defesa e recebimento da denúncia”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

O magistrado foi acompanhado pelos outros quatro integrantes da Primeira Turma da Corte: os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Em linhas gerais, o que os ministros da Primeira Turma do Supremo decidiram é que, no caso envolvendo Zambelli e Delgatti, há elementos que justificam a abertura de uma ação penal. Não se trata, ainda, de uma análise sobre o mérito, o que só ocorrerá durante o julgamento.

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Por meio de nota, o advogado Daniel Bialski, que defende Zambelli, informou que recorrerá ao plenário do STF para tentar reverter a decisão.

“A deputada não praticou qualquer ilicitude e confia no reconhecimento de sua inocência porque a própria investigação criminal evidenciou que inexistem elementos de que tenha contribuído, anuído e ou tomado ciência dos atos praticados”, diz o advogado.

O que apontou a Polícia Federal nas investigações

Segundo o relatório da Polícia Federal (PF) sobre as investigações, encaminhado à PGR e que embasou o entendimento da Primeira Turma do STF, Zambelli e Delgatti teriam cometido, repetidas vezes, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

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De acordo com a investigação, foram inseridos documentos falsos no sistema eletrônico interno do Judiciário, entre os quais uma falsa ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Segundo o relatório, o hacker teria sido “instigado pela parlamentar para acessar o sistema do CNJ, com o intuito de causar prejuízo à imagem do Judiciário e de um ministro do STF [], tanto que [Zambelli] recebeu os documentos comprovando as invasões ao sistema e as inserções de documentos falsos”.

“Muito embora não se possa atribuir à deputada Carla Zambelli a inserção dos alvarás falsos e outros crimes cometidos por Walter, a conduta da mesma de instigação a invadir o sistema do CNJ colocou em risco um Poder da República, o Judiciário, assim como a imagem do Poder Legislativo, sendo incompatível com a atividade parlamentar, notadamente em razão do modo de agir e da gravidade do risco”, afirma a PF.

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Em 2022, Carla Zambelli foi a segunda deputada federal mais votada no estado de São Paulo, com quase 1 milhão de votos, conquistando seu segundo mandato na Câmara. Ela já havia sido eleita no pleito de 2018.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”