“Cara a cara” entre Maduro e Macri é adiado após fratura na costela do argentino

O presidente argentino cancelou sua ida ao Equador após recomendação médica por conta de uma fissura na costela, ocorrida em 8 de janeiro durante brincadeira com a filha de seis anos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em meio ao acirramento das relações entre Argentina e Venezuela, uma lesão na costela do presidente recém-eleito em Buenos Aires impedirá o encontro pessoal entre os líderes na reunião de chefes de Estado latino-americanos, em Quito (Equador). Seria a primeira vez em que Maurício Macri e Nicolás Maduro ficariam frente a frente, com o argentino acusando o venezuelano de violar direitos humanos em seu governo e pedindo suspensão do país bolivariano no Mercosul.

O presidente argentino cancelou sua ida ao Equador após recomendação médica por conta de uma fissura na costela, ocorrida em 8 de janeiro durante brincadeira com a filha de seis anos. Esforços para respirar em altitude superior a 2.400 metros poderiam prejudicar na recuperação de Macri. Em seu lugar, representará a Argentina a vice-presidente Gabriela Michetti.

No último sábado, o presidente venezuelano anunciou que partiria “com tudo” contra o representante argentino e outros líderes da direita na Celac. “Quebraram-se as regras do jogo e elas devem ser restabelecidas com base em um grande diálogo. Isso que vou propor na Celac. Vou à cúpula da Celac em Quito com tudo, ninguém vai me calar. Vou com todas as verdades e pedirei que se respeite o espírito de união na diversidade. Não vou aceitar abusos de ninguém lá”, afirmou Maduro em entrevista transmitida pelos meios de comunicação do país. “Ou nos respeitamos todos ou acabam as regras do jogo nesta batalha pela nova América e a nova história. Assim digo ao presidente da Argentina, que vem agredindo a Venezuela. Ou nos respeitamos ou acabou essa história. Respeito à Venezuela, respeito à pátria de Bolívar”, complementou o líder venezuelano.

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Em entrevista ao InfoMoney para explicar o panorama regional latino-americano com a ascensão de Macri, a professora de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Suhayla Khalil observou que o representante argentino concentra esforços na polarização com o governo chavista para ganhar posição de maior expressão no plano regional. “Ele entra de forma assertiva com relação à questão da Venezuela justamente para ganhar projeção no cenário regional”, explicou a especialista. “Por mais que exista o discurso de Direitos Humanos [que aponta para violações por parte do governo de Maduro], há interesses concretos por trás, e também identificações valorativas”. Por trás do que parece uma briga meramente ideológica, o pragmatismo apresenta motivações que podem dar justificativas mais claras sobre as ações no plano políticos internacional.

No caso argentino, existe a leitura possível que indica uma busca por maior protagonismo regional, que coincide com as estratégias de Macri nos planos político e econômico para o país vizinho. “Essa posição de Macri mostra que o papel que a Argentina vinha ocupando não é mais suficiente para a política externa do país. Daí, claro que ele vai se utilizar de suas ideias e de seu projeto liberal”, complementou Suhayla. Mas essa busca por protagonismo não tende a vir de um enfrentamento com o Brasil, a despeito das divergências ideológicas e as distintas estratégias de política externa com relação ao governo de Nicolás Maduro. De todo modo, vale ressaltar que o governo brasileiro mudou algumas de suas posições sobre a gestão bolivariana nos últimos meses, com a eleição legislativa e as tentativas de se alterar as regras do jogo por parte de Maduro.

Mesmo sem a presença de Macri, é esperada maior polarização entre Argentina e Venezuela durante o encontro da Celac, em Quito.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.