Capacidade de Bolsonaro mobilizar redes sociais diminui, mostra estudo

Levantamento feito pela Bites mostra queda de 38% nas interações com perfis de Bolsonaro entre o quarto e o primeiro trimestres de 2019

Marcos Mortari

(Antonio Cruz/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem sofrendo uma queda ininterrupta de alcance nas redes sociais desde o segundo trimestre de 2019, embora mantenha posto de maior força da política digital no Brasil. É o que mostra estudo feito pela consultoria Bites.

Segundo o levantamento, Bolsonaro teve 132,5 milhões de interações nas redes sociais no quarto trimestre do ano passado. O número, apesar de expressivo, representa uma queda de 31% em relação ao trimestre anterior e de 38% em comparação com os três primeiros meses de governo.

As contagens consideram retuítes, curtidas, compartilhamentos e comentários, independentemente se positivos ou negativos, em perfis oficiais de Bolsonaro.

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Para os analistas André Eler e Manoel Fernandes, responsáveis pelo estudo, há duas hipóteses para a erosão na capacidade do presidente de amplificar suas mensagens. A primeira seria uma acomodação natural da base bolsonarista, que vê menos ameaças vindas da oposição e teria entrado em um descanso pós-2018.

Já a segunda perspectiva aponta que, sem fatos polêmicos que mobilizem um fla-flu de grandes proporções, a propagação de Bolsonaro fica restrita aos grupos de seguidores mais fiéis, como evangélicos e defensores de uma política de segurança mais dura.

O movimento não altera a liderança isolada do mandatário na capacidade de mobilizar a opinião pública digital. No ano passado, o presidente alcançou sozinho 737,6 milhões de interações nas redes sociais. Já os 513 deputados, 81 senadores e ministros do Poder Executivo registraram 1,1 bilhão de interações.

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Mesmo assim, os especialistas observam consequências da desidratação observada. “No curto prazo, nada muda para o presidente. Apenas fica evidente a necessidade de um freio de arrumação e uma correção de rumo na sua estratégia digital”, pontuam.

“A internet é o oxigênio do seu mandato e as interações em seu canal de distribuição de longo alcance. Como na eleição de 2022 o presidente se apoiará novamente nas ferramentas digitais, uma correção de rota agora é fundamental para não chegar debilitado na disputa”, complementam.

Os analistas da Bites acreditam que as interações do presidente só voltarão a crescer se surgir uma “ameaça real”, no imaginário da base bolsonarista, capaz de modificar o eixo do poder no país.

Seria o caso do ex-presidente Lula (PT), que viu suas interações dispararem no quarto trimestre de 2019, após sua liberação da prisão. Mesmo assim, as mensagens de Bolsonaro propagaram, em média, 15 vezes mais do que as produzidas pelo líder petista no ano passado.

Perdendo a vantagem

Outro levantamento, feito pela empresa AP Exata, aponta para uma queda do poder de engajamento de Bolsonaro nas redes a partir de um olhar quantitativo.

Segundo o estudo, divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo, os comentários negativos sobre o governo se aproximaram dos favoráveis no Twitter em janeiro. Foram 14 dias de menções majoritariamente críticas ante 16 dias em que os apoios dominaram as redes, enquanto em um dia as publicações favoráveis e contrárias ficaram no mesmo nível.

O monitoramento também mostra que, no início de fevereiro, o mau humor em relação ao governo deve seguir avançando. Até domingo, foram seis dias negativos, dois neutros e um positivo.

No ano passado, as menções a favor de Bolsonaro superaram as contrárias em 246 dias. Já os comentários críticos prevaleceram em 79 dias, ao passo que os neutros em 39 dias.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.