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SÃO PAULO – A votação do Senado que admitiu a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi o grande destaque na imprensa internacional, tanto europeia quanto nos EUA. Emissoras de rádio, TVs e jornais destacaram o afastamento da presidente.
Nos EUA, a rede de TV ABC, que tem grande audiência no país, informou que o processo de impeachment coloca o Brasil diante de “um caos político antes dos Jogos Olímpicos”, que ocorrerão em três meses. Para a emissora, o que motivou o início do processo foi a acusação de violação das leis orçamentárias. “Dilma negou qualquer irregularidade e fez um apelo de última hora para o Supremo Tribunal Federal para barrar o processo, o que foi rejeitado”, informou a TV ABC.
A rede de televisão CBS também deu grande destaque ao processo de impeachment de Dilma Rousseff tanto no noticiário quanto em sua página da internet. Segundo a CBS, o Senado brasileiro votou pelo afastamento de Dilma Roussef por um período de até seis meses, até que seja examinada de forma definitiva se ela realmente contrariou as leis orçamentárias brasileiras. A acusação contra a presidente, segundo a CBS, ocorre em meio a uma luta “ferrenha no país contra a corrupção e a crise econômica, em uma turbulência política que estremece o maior país da América Latina a poucos meses dos Jogos Olímpicos”.
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A rede de televisão a cabo MSNBC também destacou o fato de a saída de Dilma ocorrer a apenas 85 dias das Olimpíadas e lembrou as investigações sobre fraudes e corrupção envolvendo a Petrobras. “O processo de impeachment também se tornou um referendo sobre a presidente Dilma Rousseff em meio a uma recessão profunda e um escândalo de corrupção envolvendo a empresa petrolífera estatal Petrobras”.
Um dos mais influentes jornais impressos dos Unidos Unidos, o The Wall Street Journal, também destacou a votação do impeachment no Senado. O texto argumenta que os senadores brasileiros votaram a favor do julgamento da presidente Dilma Rousseff por usar manobras de contabilidade para mascarar um déficit orçamentário. Logo no segundo parágrafo, no entanto, o jornal afirma que, para os críticos, a queda da presidente Dilma Rousseff se dá menos por supostos truques de contabilidade e muito mais por “uma economia em estado de coma” que desapontou um “eleitorado que se sente traído pela presidente”.
Outro grande jornal dos Estados Unidos, o New York Times – colocou uma foto no alto da primeira página de militantes pró-impeachment festejando a votação do Senado. O jornal afirma que a votação para suspender a presidente Dilma Rousseff ocorre porque ela “é acusada de empréstimos de bancos estatais para esconder um déficit fiscal”.
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O The Washington Post publicou uma foto da presidente Dilma Rousseff no alto de sua primeira página. Segundo o jornal, o impeachment ocorre em meio à maior recessão econômica, desde 1930, no maior país latino-americano. O jornal lembra que há também um escândalo econômico no país, relacionado com a Petrobras, que manchou “quase todos os líderes políticos do país”.
O Los Angeles Times também deu destaque à votação do Senado para “remover a presidente de esquerda Dilma Rousseff do poder e submetê-la a um processo de impeachment, efetivamente entregando o governo a uma coalizão impopular das forças mais conservadoras”. O objetivo, de acordo com o jornal, é enfrentar uma crise econômica. A notícia acrescenta porém que essa coalizão de forças vai ter de enfrentar também “acusações de terem tomado o poder ilegitimamente”.
No Reino Unido, o jornal britânico The Guardian destacou que Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil destituída da função, no primeiro impeachment do país em 24 anos. Segundo o jornal, após uma maratona de 20 horas de debate, que os políticos descreveram como “o dia mais triste da jovem democracia brasileira”, o Senado votou a suspensão da líder do PT, colocando os problemas econômicos, a paralisia política e as supostas irregularidades fiscais à frente do 54 milhões votos que a colocaram no cargo.
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Para o The Guardian, o impeachment é mais político do que jurídico, já que irregularidades fiscais semelhantes de governos anteriores não foram punidas e elas são um pretexto para tirar uma líder que tem lutado para afirmar sua autoridade. O texto do jornal britânico também diz que Dilma será julgada por senadores, muitos dos quais são acusados de crimes mais graves e que a decisão vai exigir dois terços dos 81 votos, margem que foi ultrapassada na votação de hoje.
Também do Reino Unido, o The Times traz na capa uma foto de pessoas de caras pintadas de verde e amarelo, comemorando com a bandeira do Brasil. No texto, eles destacam que o processo de impeachment é contra a primeira mulher líder do Brasil, acusada de manipular as contas públicas.
Para o jornal britânico, a decisão histórica do Senado vai mergulhar o país em uma profunda turbulência política, encerrando os 13 anos de governo do PT, partido que acusou os detratores de Dilma de encenar um golpe e minar as bases da democracia ainda incipiente do país.
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O site da agência pública BBC e do jornal Financial Times também trouxeram na capa a decisão do Senado de julgar a presidente Dilma Rousseff e que, a partir de hoje, assume o vice-presidente Michel Temer. A BBC destaca que Dilma estará afastada durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que começam no dia 5 de agosto, e que seu último apelo ao Supremo Tribunal Federal para o processo no Congresso foi rejeitado.
O jornal espanhol El País destacou o afastamento de Dilma Rousseff após uma sessão histórica e extenuante no Senado, de mais de 20 horas e diz que a presidente deve sair pela porta da frente do Palácio do Planalto, após ser notificada, um gesto explícito de que acata, mas não aprova a decisão. O El País disse também que o vice-presidente Michel Temer, líder do PMDB que assume imediatamente a Presidência, é um político discreto e ambicioso.
Os jornais franceses Le Monde e Le Figaró também deram repercussão sobre a votação no Senado. O Le Monde citou que a votação para o afastamento de Dilma passou de dois terços dos votos, a quantidade necessária para aprovar impeachment da presidente.
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O alemão Spiegel traz na capa a foto de Dilma e um artigo dizendo que Dilma fez muitos inimigos políticos, mas que o impeachment não se justifica.
(Com Agência Brasil)