Campanha à presidência de Lula em 2006 teve propina de US$ 50 mi, diz Cerveró

As informações são do jornal Valor Econômico; já segundo o Estadão, Cerveró deu declarações à PGR que confirmam um depoimento do lobista Fernando Baiano e envolveu ex-ministros argentinos em esquema da Petrobras

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Uma negociação para comprar US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África, em 2005, teria gerado propina de até R$ 50 milhões para o financiamento da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, segundo depoimento do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró revelado pelo jornal Valor Econômico

As declarações foram feitas a investigadores da Operação Lava Jato antes de fechar acordo de delação premiada, em novembro de 2015. O ex-diretor da Petrobras contou a investigadores que conseguiu as informações com Manuel Domingos Vicente, que presidiu o conselho de administração da estatal petrolífera angolana (Sonangol) e atualmente é vice-presidente daquele país. 

“Manoel (sic) Vicente foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobras a Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões”.

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De acordo com o ex-diretor, “a referida negociação foi conduzida pelos altos escalões do governo brasileiro e angolano, sendo o representante brasileiro o ministro da Fazenda [Antonio] Palocci”. Por meio de sua assessoria de imprensa, Antonio Palocci negou “participação em qualquer ‘tratativa política’ do tema”.  Por meio de nota enviada à imprensa, Palocci negou participação em qualquer tratativa política do tema.

Já segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Cerveró deu declarações à PGR que confirmam um depoimento do lobista Fernando Baiano e envolveu ex-ministros argentinos em esquema da Petrobras. Cerveró afirmou que ele e Baiano receberam, cada um, US$ 300 mil em propina na venda da transportadora de eletricidade Transener. Segundo os dois delatores, entre 2006 e 2007, houve um acerto para que a venda da Transener fosse desfeita com um grupo americano para, então, ser direcionada à empresa argentina Electroingeniería.

“Nesse negócio, a maior parte da propina ficou na Argentina, tendo Fernando e eu recebido US$ 300 mil dólares cada”, afirmou o ex-diretor da Petrobras. Em 2006, a Petrobras fechou um acordo para vender sua participação de 50% na Citelec, sociedade que controla 52,65% da Transener, ao fundo de investimento americano Eton Park. O governo argentino, no entanto, não aprovou a operação, e a Petrobras acabou vendendo sua participação à estatal Enarsa e à Electroingeniería por cerca de US$ 54 milhões. 

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À Procuradoria, os delatores deram informações do veto do governo argentino à venda da Transener ao fundo americano e a posterior negociação com a empresa argentina. Neste documento, Cerveró não falou de nenhum político.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.