Camargo Corrêa pagou R$ 886 mil a empresa de José Dirceu entre 2010 e 2011, diz revista

Contrato entre as empresas sugere que o ex-ministro condenado pelo mensalão faria uma análise de "aspectos sociológicos e políticos do Brasil" e daria "assessoria na integração dos países da América do Sul".

Marcello Ribeiro Silva

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SÃO PAULO – Na sétima fase das investigações da Operação Lava Jato, uma operação de busca e apreensão na sede da Camargo Corrêa encontrou um contrato de consultoria entre a empreiteira e a empresa do ex-ministro José Dirceu. Iniciado em fevereiro de 2010, o negócio rendeu a Dirceu R$ 886 mil entre 2010 e 2011, informou a revista Época. 

O contrato entre as empresas sugere que o ex-ministro condenado pelo julgamento do mensalão faria uma análise de “aspectos sociológicos e políticos do Brasil” e daria “assessoria na integração dos países da América do Sul”. Além disso, o ex-ministro ficaria responsável por divulgar o nome da Camargo Corrêa no cenário nacional e internacional. 

No mesmo mês em que o negócio com a JD Assessoria e Consultoria foi fechado, a Camargo Corrêa, que faz parte do Consórcio CNCC, obteve dois contratos na refinaria de Abreu e Lima, destacou a publicação. A empreiteira receberia R$ 4,7 milhões pelos serviços de “implantação de unidade e coqueamento”.

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De acordo com os depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, os contratos teriam sido fechados diante do pagamento de propina a partidos políticos. O responsável pelos contratos seria o ex-diretor da estatal Renato Duque, investigado na Lava Jato.

Apesar de confirmar a existência do contrato, a Camargo Corrêa não se pronunciou sobre o assunto. Já a JD Assessoria e Consultoria destacou que “prestou consultoria na área internacional à Camargo Corrêa” e “por razões de confidencialidade contratual”, “não pode se manifestar sobre a natureza nem os resultados dos serviços prestados”.