Bumlai diz a Moro que foi o “trouxa perfeito do PT” e que está arrependido

Defesa do pecuarista apresentou alegações finais no processo da Lava Jato em que é réu

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Preso desde 24 de novembro de 2015, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse em suas alegações finais que se  considera o ‘trouxa perfeito do PT’, segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo. Na peça decisiva da ação penal em que Bumlai é réu por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira apresentada ao juiz Sérgio Moro na sexta-feira (12) a defesa diz que ele ‘sabe ter cometido um grave equívoco, que redundou na acusação, tem consciência de seus atos e de muitos deles se arrepende’.

Em depoimento feito em maio a Moro, Bumlai já havia afirmado que foi “burrice” assumir um empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin para o PT em 2004. No depoimento realizado na época, Bumlai ressaltou que não foi dele a iniciativa de pedir o empréstimo. O pecuarista disse que foi chamado naquele ano para uma reunião no banco, da qual participavam o então candidato a prefeito de Campinas, Dr. Hélio (PDT), o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares; o banqueiro Carlos Eduardo Schahin; o presidente do banco, Sandro Tordin; e os marqueteiros Armando Peraldo e Giovanni Favieri.

O pecuarista disse que, nessa reunião, recebeu a proposta de assumir o empréstimo de R$ 12 milhões. Segundo Bumlai, metade do empréstimo seria usada no segundo turno da campanha do Dr. Hélio. A outra metade tinha sido solicitada por Delúbio para resolver uma necessidade de caixa do PT. Em troca do empréstimo, o banco Schahin foi favorecido por um contrato de US$ 1,6 bilhão sem licitação com a Petrobrás, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000. Lula, que não é acusado nesta ação, teria dado a ‘bênção’ ao negócio – o que é negado pela defesa do petista. 

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“A prova dos autos explica o que de fato aconteceu: o PT precisava de dinheiro para, entre outras providências, quitar dívidas da campanha da prefeitura de Campinas”, alega a defesa do pecuarista. “Por sua vez, o Banco Schahin, representado pelo então presidente Sandro Tordin e seus controladores Salim e Milton Schahin, tinha dinheiro disponível e muito interesse em se aproximar do Governo Federal e do Partido dos Trabalhadores para se beneficiar de novas ‘oportunidades de negócios’… Nesse contexto, como esclareceu Bumlai, ‘o empréstimo já estava totalmente aprovado’ e ‘só precisava de um trouxa’ ‘pra assinar e ficar responsável por ele’22. E o ‘trouxa’ escolhido foi José Carlos Bumlai que, além de ser conhecido de todos os envolvidos, era adimplente23 e amigo do presidente Lula24. Eis o trouxa perfeito!”

Ao final do documento de 70 páginas, a defesa pede a Moro que devolva a Bumlai a liberdade. Vale ressaltar que, na última quinta-feira, Moro determinou que o pecuarista volte à prisão. Em março deste ano, após ser diagnosticado com câncer na bexiga, o pecuarista ganhou o direito a recolhimento domiciliar para fazer tratamento. Ele deverá se apresentar à Polícia Federal de Curitiba no próximo dia 23.

Segundo o despacho de Moro, Bumlai obteve permissão para cumprir a prisão preventiva (quando não há prazo determinado para terminar) em regime domiciliar por questões de saúde.  Inicialmente o juiz determinou que ele ficasse nesse regime por 3 meses, mas o período foi prorrogado depois que o pecuarista precisou ser submetido a uma cirurgia cardíaca. O novo prazo concedido por Moro tem fim este mês e a defesa pediu mais uma vez a prorrogação do período, o que foi negado pelo juiz.

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“No momento, após cinco meses de prisão domiciliar, a situação de saúde do acusado mostra-se estabilizada”, diz Moro, no despacho registrado na noite de quarta (10) no sistema da Justiça Federal do Paraná. O juiz diz ainda que a necessidade de realizar exames periódicos para o controle do tumor e da reabilitação cardíaca não justificam a prisão domiciliar.

(Com Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.