Briga pela sobrevivência de Dilma e Cunha entra em dia decisivo

O resultado das eleições, que se darão por voto secreto, são imprevisíveis, conforme confessam os aliados mais prudentes de ambos os lados -- embora Motta e Picciani cantem vitória

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um dos mais importantes rounds da disputa entre a presidente da República Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será definido no começo da tarde desta quarta-feira (17), quando os peemedebistas definirão seu novo líder na câmara baixa. No páreo, disputam cada voto o governista Leonardo Picciani (RJ) — que tenta a recondução em meio a um partido fragmentado — e Hugo Motta (PB), que se diz independente, mas conta com o apoio de toda a ala opositora e de Cunha.

De um lado, está em jogo uma melhor relação e controle do Planalto sobre o principal partido da base aliada — fator que pode ser decisivo no desenrolar do processo de impeachment, hoje enfraquecido mas que pode ganhar forças. Do outro, o peemedebista se segura como pode no comando da casa e tenta preservar o mandato parlamentar (com foro privilegiado) em meio a um momento de grandes turbulências por conta das investigações pela operação Lava Jato e as acusações de suposto envolvimento seu no processo de ilícitos na Petrobras (PETR3; PETR4). Uma derrota nesse momento representaria grande perda de poder de Cunha sobre a bancada.

Enquanto Cunha faz campanha pessoal e de caráter fortemente emocional para convencer correligionários, governistas tentam trazer de volta à Câmara parlamentares simpatizantes de Picciani para garantir a recondução. É o caso do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que foi exonerado da pasta para retornar à casa e apoiar o carioca. Picciani também conta com o apoio de correligionários do Rio, que foram exonerados dos cargos em secretarias para dar mais votos ao aliado em Brasília.

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Ao jornal O Globo, um auxiliar do Planalto não identificado disse que foi feita uma avaliação de danos e ficou constatado que o maior prejuízo seria se Picciani perdesse a liderança, do que um arranhão na imagem de Castro pela ausência no ministério da Saúde em um momento crucial para a pasta, com a crise do zika vírus.

O resultado das eleições, que se darão por voto secreto, são imprevisíveis, conforme confessam os aliados mais prudentes de ambos os lados — embora Motta e Picciani cantem vitória. O rito que define quem sairá vitorioso dessa dura disputa entre Cunha e Dilma está marcado para as 15h (horário de Brasília).

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.