Brasil vai negociar com Uruguai em visita de Lula para preservação do Mercosul

Presidente uruguaio, Luís Alberto Lacalle Pou, diz que não pretende desistir de negociações extrabloco; Brasil busca conciliar interesses

Reuters

Lula em diplomação como presidente da República, em dezembro de 2021 (Reprodução/YouTube PT TV)

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BUENOS AIRES – O governo brasileiro tentará encontrar, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Montevidéu, uma saída diplomática para preservar o Mercosul, que se vê ameaçado pela decisão do Uruguai de negociar acordos de livre comércio à revelia do bloco, em especial com a China.

Depois do presidente uruguaio, Luís Alberto Lacalle Pou, afirmar em entrevista durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) que não pretende desistir das negociações extra-bloco, o embaixador Celso Amorim – assessor especial de Lula – disse que é preciso respeitar as demandas do Uruguai e encontrar formas de atender interesses, mas sem prejudicar o Mercosul.

“Nossa posição é que prezamos muito a relação com o Uruguai, é um exemplo de civilidade em várias questões, mas achamos que o Mercosul deve ser preservado”, disse Amorim a jornalistas às margens da Celac. “Eles podem ter questões a colocar, de que não tiram os benefícios que poderiam ter. Vamos ter uma primeira conversa”.

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No governo brasileiro, o espírito é de negociar e oferecer benefícios ao país para que a manutenção do bloco intacto seja mais interessante que um eventual tratado de livre comércio extrabloco. Amorim fala, por exemplo, em integrar melhor o país nas cadeias produtivas do Brasil e da Argentina, países com economia maior no bloco.

Em entrevista ao final de sua participação na Celac, Lacalle Pou, deixou claro que não pretende recuar das negociações com a China. Admitiu apenas que, se o Mercosul tiver uma proposta que supere os benefícios do acordo, poderá analisar.

“A decisão uruguaia é avançar em um Tratado de Livre Comércio. Se for com o Mercosul é melhor, todo mundo sabe da força que Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina podem ter juntos, e se não for assim, o que fizemos até o momento é avançar em um estudo de factibilidade com a China que teve resultados positivos e estamos para começar a negociar bilateralmente com a China”, disse o presidente uruguaio em entrevista durante a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

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As regras do Mercosul impedem que seus membros façam acordos comerciais independentes com outros países. Incomodado com a falta de vontade de outros países do bloco em avançar em alguns acordos comerciais – especialmente com a China, que teria a capacidade de inundar a região com seus produtos – o presidente uruguaio decidiu tocar adiante sozinho uma tentativa de acordo.

“Não é com a China, é Uruguai aberto ao mundo. Neste caso a China é o sócio comercial, mas poderia ser com os EUA, com Turquia, como pode ser a decisão do Tratado Pacífico. O Uruguai precisa se abrir ao mundo”, disse Lacalle Pou.

A posição uruguaia desagradou todos os demais países, mesmo o Brasil ainda durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, um crítico das limitações impostas pelo Mercosul. Já no governo Lula, o chanceler brasileiro Mauro Vieira afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que a insistência do Uruguai em fechar o acordo com a China destruiria o bloco.

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“É possível atender interesses, a gente respeita que possam ter demandas, mas queremos preservar o Mercosul”, afirmou Amorim.

Cuba

O presidente teve nesta terça quatro encontros bilaterais, o mais esperado deles com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, a quem Lula confirmou que o Brasil vai voltar a condenar o bloqueio imposto pelos Estados Unidos ao país caribenho desde a década de 60.

Em 2019, pela primeira vez o Brasil reverteu uma posição histórica de condenação, nas Nações Unidas, para votar contra a Cuba e com os Estados Unidos, em um alinhamento de Jair Bolsonaro com o então governo de Donald Trump que não havia ocorrido nem mesmo durante a ditadura militar.

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“É sobretudo a retomada que significa a normalização das relações. Vamos continuar como sempre fizemos”, disse Amorim.

Durante o governo Bolsonaro as relações diplomáticas não chegaram a ser cortadas, mas foram esvaziadas, com a embaixada brasileira funcionando apenas com um encarregado de negócios. Um novo embaixador deve ser indicado em breve.

Amorim disse ainda que Lula pretende reabrir embaixadas, aos poucos, que foram fechadas durante o governo Bolsonaro.

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