Brasil tem queda nas queimadas apesar de seca, mas El Niño preocupa para próximo ano

No acumulado do ano até o início de outubro, a Amazônia Legal registra 79.368 focos de incêndio, de acordo com os dados do Inpe

Reuters

Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

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Apesar da grave seca na região amazônica, o número de focos de incêndio caiu quase 30% este ano no comparativo com o ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mas as estatísticas mostram que 2024 pode ser um ano de risco para as queimadas devido aos efeito do El Niño.

No acumulado do ano até o início de outubro, a Amazônia Legal registra 79.368 focos de incêndio, de acordo com os dados do Inpe. Em 2022, nesse mesmo período eram 112.848. Somente em setembro, quando as queimadas atingem o pico, a região registrou 33.247 focos este ano, 31,5% a menos do que no mesmo mês de 2022.

“Os números de setembro estão bem abaixo da média histórica e dificilmente, mesmo com a seca, outubro deve surpreender”, disse à Reuters o coordenador do Inpe Queimadas, Fabiano Morelli. A previsão é que o próximo mês tenha algo entre 15 mil e 20 mil focos de incêndio, disse.

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Uma análise feita por Morelli, no entanto, mostra que o risco maior para as queimadas não é necessariamente o ano das grandes secas causadas pelo fenômeno El Niño, mas o ano seguinte, ou até, a depender da intensidade e da extensão do fenômeno, dois anos depois.

“Muitas vezes a relação com o efeito do El Niño não se verifica no ano corrente, mas o aumento se dava no ano subsequente”, disse Morelli. “A atenção tem que ser ainda maior para o ano que vem.”

Em seis anos de registro do fenômeno climático ao longo dos últimos 10 anos, em quatro deles o ano subsequente teve aumento nas queimadas na Amazônia.

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Em 2007, depois de um El Niño considerado forte em 2006, o número de focos de queimada subiu 49,5%. Em 2010, depois de outro evento climático, o aumento foi de 113% em relação ao ano anterior.

Em 2018, houve um El Niño considerado de intensidade fraca, mesmo assim os focos de incêndio cresceram 39,5% no ano seguinte. Nesse caso, como 2019 foi o primeiro ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em que o desmatamento também cresceu, houve outras influências para o aumento.

Morelli explica que a vegetação sofre em um ano de El Niño e não tem tempo de se recuperar, o que leva a maiores riscos quando começa a temporada de queimadas no ano seguinte.

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O fenômeno El Niño é um aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico central e oriental que geralmente ocorre a cada poucos anos. No Brasil, o padrão climático causa menos chuvas na Região Norte e aumenta os temporais no Sul.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, 191 brigadistas contra incêndio estão trabalhando nas áreas mais críticas do Amazonas neste momento, em especial no sul do Estado e no entorno de áreas urbanas, onde têm se concentrado os incêndios.

Marina ainda relacionou a queda este ano nos focos de incêndio à redução do desmatamento, que foi de 48% nos primeiros oito meses deste ano em comparação com o ano passado. “A queimada é fruto do desmatamento”, afirmou.

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Normalmente, depois de retirar a madeira, os desmatadores colocam fogo para limpar o restante do solo e abrir espaço para pastagens. Esse procedimento, com a vegetação seca, pode se alastrar rapidamente.

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