Brasil só deverá superar a crise política em 2022 (sendo otimista)

No segundo bloco do programa especial sobre o legado de 2016 e as nebulosas perspectivas para o xadrez político no ano seguinte, Carlos Melo e Richard Back mostram o tamanho da crise de lideranças e os efeitos disso projetados nas próximas eleições

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Brasil entrou em um ciclo vicioso em que a economia em recessão depende de alguma estabilidade vinda da política, mas a recuperação da crise política também depende de ventos mais favoráveis do mundo dos negócios. O impasse, associado ao cenário de baixa popularidade do governo, fragmentação partidária no Legislativo e os temores pelos efeitos das investigações e novas delações, criou uma onda de comparações entre o que se espera para 2017 e o que foi visto na primeira metade do ano que se encerra.

Essa é a narrativa que defendem o cientista político e professor do Insper Carlos Melo e o analista político da XP Investimentos Richard Back, entrevistados pela InfoMoneyTV na última terça-feira [para assistir ao primeiro bloco do programa, clique aqui].

Antes que se discutam os nomes cotados para a sucessão do presidente Michel Temer nas próximas eleições — ocorram elas em 2018 de forma direta, como previsto, ou de maneira antecipada, de modo indireto, caso o mandato seja abreviado por processo de impeachment ou cassação presidencial — a dupla de especialistas defende que se aguarde a passagem de tempestades como a das delações da Odebrecht para que seja possível identificar os sobreviventes em meio aos escombros.

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“Só pode ser candidato em 2018 quem passar especialmente pelo primeiro semestre do ano que vem, que é quando deve ser levantado o sigilo da delação da Odebrecht. Quem sobreviver a isso vai ter que se reorganizar dentro dos partidos, tentar fazer algum tipo de reforma eleitoral até outubro; tentar organizar minimamente o jogo para 2018”, observou Back.

“O que temos que pedir aos céus é que a eleição não se dê dentro de um clima de populismo e soluções fáceis à direita e à esquerda”, afirmou o professor Melo. Para ele, qualquer solução para o impasse político brasileiro surgirá de um processo gradual e de longa gestação, muito dependente do próximo pleito eleitoral.

“Precisamos torcer para que emerjam deste processo duas ou três candidaturas capazes de chamar atenção para a dramaticidade da situação e tentar, a partir daí, compor um discurso que seja o de bom senso política e economicamente, mostrando que os próximos governos estaduais e federal serão de recomposição, de tentativa de reconstrução; não serão governos de solução. Imagino que nosso processo será com essas dificuldades todas, se tudo correr bem, até 2022”, complementou o cientista político.

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Assista à íntegra do segundo bloco da entrevista especial:

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.