Brasil não está financeiramente viável e piorará muito antes de melhorar, diz Stuhlberger

Gestor da Verde Asset destacou a sua aposta em investimentos no exterior e reforça visão pessimista sobre o Brasil ao NYT

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Classificado como a estrela dos hedge funds no Brasil, o gestor da Verde Asset Luis Stuhlberger concedeu entrevista ao jornal americano New York Times em que destacou um cenário bastante desolador para o País. “O Brasil vai ficar muito pior antes de melhorar”, disse ele.

O jornal destaca o bom desempenho do fundo comandado por ele, mesmo com o naufrágio da economia nacional, enquanto Stuhlberger se mostra cada vez mais pessimista em relação às perspectivas econômicas para o Brasil, País que não é mais o principal destino para os seus investimentos.

O NYT ressalta que o fundo tem um desempenho médio de 29% ao ano, depois de impostos, desde que foi fundado em 1997, enquanto o mercado de ações retornou 10% ao ano e o mercado de títulos, 16%. Com isso, quando Stuhlberger fala, os observadores brasileiros prestam bastante atenção.

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Enquanto a economia brasileira é praticamente um sinônimo de volatilidade, o Verde teve só um ano de queda, em 2008, no auge da crise econômica mundial, quando teve baixa de 6%.

Mas apesar de seu sucesso passado, Stuhlberger concluiu que havia muito poucas oportunidades no Brasil para um fundo do tamanho do Verde para ser totalmente investido. Então ele começou a devolver, em parcelas, 40% dos R$ 14 bilhões para os investidores. “É muito cedo para comprar o mercado de ações aqui. Meus clientes não me pagam para guardar dinheiro para eles”, afirmou.

Pela regulação brasileira, o Verde tem que manter 80% dos ativos dentro do Brasil. Mas Stuhlberger abriu um novo fundo este ano que está disponível apenas para investidores qualificados e sem limites de quanto pode ser investido no exterior. As apostas são de que os mercados de ações de países desenvolvidos não vão subir, a China vai desvalorizar sua moeda, os mercados emergentes vão ficar no marasmo e o crescimento lento persistirá no futuro previsível.

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Já ao falar sobre o Brasil, Stuhlberger vê problemas mais profundos do que uma crise política, e os preços baixos das commodities. “O país não está financeiramente viável”, ele disse. “O governo tem tentado construir uma democracia social europeia no terceiro mundo. Os números não batem”. E completa: “terá que haver uma crise mais profunda antes da população aceitar cortes em gastos sociais”.

E apesar da sinalização de que está havendo uma forma inovadora de investigar no Brasil em meio à deflagração da Operação Lava Jato, Stuhlberger diz que a corrupção era tão endêmica que temia que não haveria novas e limpas instituições políticas para substituir as antigas.

Enquanto ele vê a crise brasileira se aprofundando, a maior parte da sua alocação está em títulos protegidos contra a inflação, além de derivativos cambiais que gerarão desempenho positivo se o real cair, além de uma pequena posição em títulos da Petrobras e posição vendida em ações. Aliás, sobre a Petrobras e o governo, ele destacou: “default não é o risco, por ora”.

O NYT traça o perfil do gestor e também o fato de que, apesar da derrocada da economia, dizer que adora viver no Brasil: “As pessoas são incrivelmente talentosas, e o perfil brasileiro é ajudar uns aos outros. Não há a crueldade que você vê nos EUA. Aqui, você pode ser amigo de seus concorrentes. “

Agora, ele destaca que passa vários meses em viagens internacionais e que alguns integrantes da sua equipe estão no exterior mais frequentemente do que no País. “É onde estamos agora à procura de investimentos”, afirmou. “Fora do Brasil.”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.