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SÃO PAULO – “O Brasil está caminhando direto para os braços do FMI (Fundo Monetário Internacional)”. É o que afirma um artigo do jornal britânico “Telegraph”, afirmando que só o “órgão poderá salvar o Brasil”.
O jornal aponta que as crises política e econômica já passaram do limite, sem ponto de retorno. “O governo está paralisado. O ministro da Fazenda perdeu a confiança dos investidores brasileiros e dos mercados globais”, afirma. “Quanto mais rapidamente esta realidade for reconhecida pelos líderes do país, mais seguro ele vai ser para o mundo”, destaca a publicação.
Quase nada de crível está sendo feito para parar a trajetória da dívida pública, que está indo para níveis alarmantes, enquanto poucos acreditam que o governo do PT é capaz ou quer tomar medidas drásticas de austeridade.
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Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff está enfrentando o impeachment e, aponta o jornal, “mesmo que ela vença ou seja derrotada nos próximos meses, o Congresso está muito fragmentado para conseguir fazer algo para evitar que o déficit do orçamento chegue a 10% do PIB”.
Com esse cenário de ceticismo tão forte, o jornal destaca que o FMI pode ser a única solução para o impasse. “Não porque o País precise de uma imediata entrada de capitais – isso não está no radar tão claramente – mas sim porque está preso em um ciclo vicioso que não pode ser interrompido sem a credibilidade de um deus ex-machina”. Esse “deus ex-machina” trata-se de uma referência da Antiguidade greco-latina de um deus cuja missão era dar uma solução arbitrária a um impasse vivido.
Ernesto Talvi, diretor do centro de análise Brookings-Ceres Latin America Initiative, afirmou ao jornal que o FMI seria a opção “menos pior” entre uma gama de opções terríveis.
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Vale ressaltar que ele, em conjunto com a pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Monica de Bolle, escreveu artigo no final do ano passado sobre o assunto para o site Project Syndicate, defendendo a ajuda do FMI.
Eles destacaram: “se o Brasil quiser reconquistar sua credibilidade rapidamente, vai precisar do apoio da comunidade internacional. O Brasil não tem um equivalente institucional ao Banco Central Europeu para fazer ‘o que for preciso’ para manter o acesso ao crédito com taxas de juros razoáveis enquanto busca fazer ajustes fiscais e estruturais. O mais perto que o Brasil tem é o Fundo Monetário Internacional, com que ele deveria negociar um programa de ajustes.”
O programa consistiria em um plano para aumentar o superávit primário a 2-3% do PIB no médio prazo, o que ajudaria a diminuir os gastos do governo, eliminando as regras de indexação que deixam os gastos do governo muito rígidos. “O FMI daria ao programa de ajustes o selo de aprovação e ofereceria seus recursos, para o Brasil não tenha que depender do capital internacional por um longo período.” Para eles, o programa de ajuste daria um selo de aprovação sem que o Brasil tivesse que recorrer aos mercados internacionais, aumentando as chances de sucesso. Em entrevista ao InfoMoney, Monica de Bolle corroborou essa visão.
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