Brasil deve perder posição de país com maior taxa real de juro do mundo

Situação se confirmará mesmo que o Copom corte a Selic em 25 pontos-base; taxa já é a menor da história em termos nominais

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Confirmadas as perspectivas de grande parte dos economistas, analistas e participantes do mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deverá implementar na quarta-feira (18) um novo corte na taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic.

Se não houver grandes surpresas, essa será a décima sétima redução consecutiva do juro básico desde novembro de 2005, quando o atual processo de flexibilização da política monetária do país foi iniciado. Desde então, a Selic registra recuo de 7,75 pontos-percentuais, caracterizando o maior período de abrandamento da política monetária já apresentado na história do país.

A maioria aposta que o Copom deverá manter um ritmo mais intenso verificado em junho e implementará mais um corte de 50 pontos-base na taxa Selic neste mês, segundo corte desta magnitude do ano e desde a última reunião realizada em novembro de 2006.

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Adeus título de país com maior taxa real de juro do mundo

Outra informação interessante é que tudo indica que após quase três anos, mais especificamente 34 meses, o Brasil deverá perder o posto de país com maior taxa real de juro do mundo. Isso deverá ocorrer mesmo que a aposta dos mais conservadores sobre a possibilidade de o Copom cortar a Selic em 25 pontos-base em julho se confirme.

Se a Selic for reduzida em 0,25 ponto percentual, os juros nominais recuam para 11,75% ao ano e os reais atingem 8,0% ao ano, segundo estudo elaborado pela consultoria UpTrend. Na Turquia, a taxa básica de juro real está em 8,2% ao ano. O cálculo leve como base a taxa nominal vigente em cada país menos a inflação projetada para os próximos 12 meses.

Em termos nominais, taxa é a menor da história

Em termos nominais, a taxa básica de juro da economia brasileira, agora em 12% ao ano, é a menor da história da economia nacional. O título já havia sido conquistado em abril, quando o Copom reduziu a Selic para 12,50% ao ano. Antes disso, a menor taxa básica nominal da economia já registrada havia sido em outubro de 1974: 12,68% ao ano.

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No ranking geral elaborado pela UpTrend, o Brasil tem a terceira maior taxa de juro nominal do mundo, atrás apenas de Turquia e Venezuela, cujas taxas estão em 17,5% e 17,2% ao ano, respectivamente. “O Brasil se mantém fora da liderança dos juros nominais pelo oitavo mês consecutivo e deve seguir assim em qualquer cenário de corte de juros neste mês”, comenta Jason Freitas Vieira, Economista Chefe da Uptrend.

Sugerindo que, apesar dos cortes já implementados pelo Copom, o caminho que o Brasil ainda precisará percorrer para obter o título de um país com taxa de juro compatível com a de seus pares internacionais, em um universo de 40 países analisados pela UpTrend, os juros reais médios estão em 2,4% ao ano.

Ou seja, mesmo após uma longa seqüência de reduções da taxa Selic, muito ainda precisa ser feito até que o Brasil tenha uma taxa de juro que realmente estimule o consumo e os investimentos na expansão da produção.

O outro lado da moeda

Minimizando um pouco essa situação, Jason Vieira explica que, apesar dos elevados juros internos, o Brasil tem como vantagem a baixa inflação, resultados positivos do setor externo e cenário político inócuo em relação à economia, fazendo do país um dos principais alvos de investimentos entre os emergentes.

O economista lembra ainda que, mesmo com a perda da liderança do ranking de juros reais, o segundo lugar do ranking ainda é um grande atrativo de investimentos financeiros e ainda muito superior ao terceiro lugar, sendo a perda desta posição inclusive mais difícil do que a liderança.

“A qualidade dos indicadores macroeconômicos, das regulações de mercado e da estabilidade política é muito superior à maioria dos primeiros colocados do ranking nominal”, completa Jason, destacando, no entanto, que a taxa de juro não poder ser considerada como o único estímulo à demanda agregada, sendo ainda necessárias mudanças de infra-estrutura, leis trabalhistas e impostos.

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