Bolsonaro se escondeu na embaixada da Hungria após operação da PF, diz jornal

Ex-presidente ficou por 2 dias no local, onde não poderia ser preso por autoridades brasileiras, 4 dias após ser alvo da operação Tempus Veritatis e ter seu passaporte confiscado

Equipe InfoMoney

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, dentro da embaixada da Hungria no Brasil, 4 dias após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF), segundo jornal "The New York Times" (Imagem: Reprodução/NYT)

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se escondeu na embaixada da Hungria, por dois dias durante o Carnaval, após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e ter seu passaporte confiscado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o jornal The New York Times.

A estadia foi um aparente pedido de asilo, segundo a reportagem, pois Bolsonaro não poderia ser preso por autoridades brasileiras dentro de uma embaixada estrangeira (como ocorreu com Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que morou por 7 anos na embaixada do Equador em Londres, apesar de um pedido de extradição dos Estados Unidos e de um processo que o ativista respondia no Reino Unido, por não se apresentar à Justiça britânica).

Bolsonaro é investigado por uma série de crimes no Brasil, incluindo uma tentativa de golpe de Estado em 2022, após perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na semana passada, o ex-presidente brasileiro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público, na investigação sobre a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

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A Hungria é comandada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, um líder de extrema-direita que já foi elogiado por Bolsonaro — e também o elogiou diversas vezes. O ex-presidente brasileiro chamou Orbán de “irmão”, durante visita à Hungria em 2022, e em dezembro de 2023 o premiê húngaro afirmou que Bolsonaro era um “herói” (eles se encontraram em Buenos Aires, na posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei). No mesmo dia em que Bolsonaro foi alvo da operação da PF, Orbán publicou uma mensagem de apoio ao colega brasileiro, pedindo para ele “continuar lutando” e chamando-o de “patriota honesto”.

Procurada pelo The New York Times, a embaixada da Hungria no Brasil não se manifestou. Após a publicação da reportagem, os advogados de Bolsonaro divulgaram comunicado em que confirmam que o ex-presidente “passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília”, a convite, “para manter contatos com autoridades do país amigo”.

A nota dos escritórios DB Tesser e Paulo Amador da Cunha Bueno Advogados afirma que, “nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações”. “Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos, e são, na prática, mais um rol de fake news“.

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Estadia na embaixada

Na embaixada húngara em Brasília, Bolsonaro chegou acompanhado por dois seguranças e foi servido pelo embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, e membros da sua equipe. Imagens de câmeras de segurança obtidas pelo jornal americano mostram o ex-presidente brasileiro chegando na embaixada húngara na noite de 12 de fevereiro, na segunda-feira de Carnaval, e permanecendo no local até a tarde do dia 14, Quarta-feira de Cinzas.

Quatro dias antes, a PF havia deflagrado a operação Tempus Veritatis, com autorização do STF, para investigar a existência de uma organização criminosa que teria atuado em uma tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito durante o governo Bolsonaro, para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições.

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, dentro da embaixada da Hungria no Brasil, 4 dias após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF), segundo jornal “The New York Times” (Imagem: Reprodução/NYT)

Além de Bolsonaro, foram alvos da operação o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (que acabou preso por porte ilegal de arma), e quatro ex-ministros (dos quais três são militares da reserva): o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil (e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022); o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e comandante do Exército; e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

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A PF confiscou o passaporte do ex-presidente brasileiro e o proibiu de manter contato com outros investigados, além de prender dois de seus ex-assessores (Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República, e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor especial do político) e outros dois militares de forças especiais. Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro apontado como um dos principais nomes do chamado “gabinete do ódio”, também foi alvo de buscas.

Bolsonaro foi para a embaixada húngara no mesmo dia em que postou um vídeo em suas redes sociai convocando seus apoiadores para um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para demonstrar força política.

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