Bolsonaro reclama de ações de governadores contra coronavírus e defende “uniformidade”

Já Mandetta apresentou cenários para o avanço da doença no Brasil. Um deles prevê o "colapso" do sistema de saúde em abril

Equipe InfoMoney

(Foto: Carolina Antunes/PR)

Publicidade

SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manifestou, nesta sexta-feira (20), incômodo com algumas medidas adotadas por governadores para combater o avanço do novo coronavírus e voltou a minimizar a pandemia.

Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (20), o mandatário chamou novamente atenção para os desdobramentos econômicos de determinadas iniciativas e disse que o governo federal trabalhará nos próximos dias pela uniformização de procedimentos.

“Não devemos entrar em pânico, devemos evitar a histeria, porque o problema econômico agrava a questão do coronavírus”, disse o presidente. “Teve estado que só faltou declarar independência. Não pode cada governador tomar a iniciativa que ele ache melhor”, continuou.

Continua depois da publicidade

Durante a coletiva, Bolsonaro e o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), ambos vestindo máscaras, chegaram a responder sobre os dois exames que o presidente fez para verificar uma possível presença da doença – e que o mandatário disse terem dado negativo, sem, no entanto, apresentar os resultados.

O ministro, por sua vez, defendeu o sigilo sobre a informação. “Os exames do paciente são do paciente. São da sua intimidade. A gente não faz divulgação do exame de ninguém”, argumentou.

A resposta marcou o fim da coletiva, momento em que Bolsonaro assumiu o microfone novamente e disse: “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”.

Bolsonaro teve contato com pessoas infectadas, que estiveram na comitiva da viagem presidencial aos Estados Unidos há pouco menos duas semanas. Ao todo, 22 pessoas que acompanharam a missão testaram positivo para a Covid-19, entre eles o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, e o ministro Augusto Heleno (GSI).

Sem citar nomes, tanto Bolsonaro quanto Mandetta criticaram posturas adotadas por alguns governadores, como de fechamento de divisas entre estados, o que eles argumentaram que pode prejudicar a circulação de produtos, equipamentos e materiais importantes no combate à doença.

O ministro também foi cobrado de uma fala que proferiu em reunião com empresários, na qual disse que o sistema de saúde brasileiro colapsaria em abril. “Claramente, em final de abril nosso sistema de saúde entra em colapso”, disse. “O que é um colapso? Você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, mas simplesmente não há sistema para você entrar”, complementou.

Segundo ele, este é um cenário extremo com que trabalha o governo, caso medidas não sejam tomadas pelos setores público, empresas e cidadãos. “Se não fizermos nada, se continuarmos a 100 km/h, teremos um grande problema”, afirmou. “Podemos ter vários graus de problemas e vamos monitorá-los diuturnamente”.

Para ele, o país precisa tomar iniciativas de forma uniforme, e não cada estado lidar com o avanço da doença sob uma ótica local. “Está na hora de os Brasileiros entenderem que nós estamos dentro do mesmo barco. Vamos ter que nos atender mutuamente”, pontuou. “A regionalidade é mero desenho administrativo para que a gente possa conduzir esse país dentro de uma lógica nacional”.

“Esse final de semana vai ser um grande teste de maturidade para a população e teste de entendimento das mensagens. Acho que as pessoas estão gradativamente entendendo e colaborando”, disse o ministro, que depois buscou tranquilizar: “Muita calma. Não há nada que a gente não consiga identificar, orientar, tirar os mais exaltados. Temos planejamento de cenários para cada situação”.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.