Bolsonaro poderá contar com um apoio de peso para a sua campanha em 2018, diz Washington Post

Comparado novamente a Donald Trump, deputado e presidenciável pode contar com apoio dos evangélicos, avalia publicação americana

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma longa reportagem sobre o presidenciável brasileiro Jair Bolsonaro, a quem compara a Donald Trump, o jornal americano Washington Post aponta que o deputado pode contar com o apoio de um grupo-chave em sua campanha para a presidência: o dos evangélicos, que tem se tornado politicamente mais forte nos últimos anos.

O Washington Post ressalta as controvérsias que o candidato está ou já esteve envolvido, como a declaração de que “preferiria um filho morto em acidente a um homossexual”, além de elogiar o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante o voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura.

Citando observadores políticos, o Washington Post destaca ainda que a visão de corrupção generalizada de políticos de todos os espectros e a luta da economia brasileira para sair da recessão criaram um espaço para candidatos anti-establishment como Bolsonaro no País. 

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“Até meses atrás, ‘direita’ era palavrão”, disse Bolsonaro ao jornal. “De repente, a palavra ‘direita’ é aceita de novo no Brasil”. 

De acordo com a publicação, os pastores evangélicos podem influenciar bastante a forma como os evangélicos podem votar. “As grandes igrejas podem realmente se envolver politicamente ao nomear seus candidatos”, disse ao jornal Paul Freston, especialista no movimento pentecostal na América Latina. “A filiação no partido é secundária. A filiação importante é com a igreja”, aponta.

A reportagem traz, além da entrevista com Bolsonaro, a fala do pastor Silas Malafaia, que descreve o deputado como o presidenciável “mais próximo daquilo em que os evangélicos acreditam”. A publicação lembra que Bolsonaro, que é católico, casou-se na igreja de Malafaia, frequentada por sua esposa.  

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“A identidade católica do Brasil permanece forte, mas muitos estão voltando para o pentecostalismo, uma forma carismática de praticar o Evangelho que se tornou cada vez mais proeminente no país”, avalia a publicação, que destaca a fala de Joanildo Burity, que pesquisa os evangélicos e a política brasileira. “Os pentecostais têm sido um elemento decisivo na inclinação da agenda brasileira para visões e políticas conservadoras. Politicamente, eles têm sido muito bem sucedidos ao vender uma visão de que comandam o voto evangélico em todo o país”.

A publicação lembra do grupo “BBB” (bala, boi e bíblia) no Congresso, que representa os interesses das forças militares, do agronegócio e da religião no Brasil, que ajuda a dar aos evangélicos uma enorme influência no Congresso e ajuda a barrar as medidas como a proibição da discriminação contra os homossexuais. “Eles tendem a favorecer questões socialmente conservadoras, como restringir o aborto e reforçar o encarceramento para menores criminosos. Evangélicos progressistas que se concentram em questões como o meio ambiente e a pobreza surgiram nos últimos anos, mas eles tendem a não chamar a atenção na mídia brasileira”, avalia o Washington Post.

Agora, apoiados em redes de televisão e estrelas de futebol, “os evangélicos desafiam a presença imponente do Cristo Redentor sobre o país”, aponta a publicação americana. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.