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SÃO PAULO – A cerca de três semanas do primeiro turno, a corrida eleitoral indica uma tendência de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) protagonizarem a disputa pela sucessão de Michel Temer na presidência da República. O deputado acumula expressiva vantagem em relação aos adversários e conta com o apoio de um eleitorado convicto, ao passo que o ex-prefeito paulistano começa a avançar rapidamente com a herança dos votos do lulismo.
Embora o cenário ainda esteja absolutamente aberto, com outras candidaturas competitivas disputando espaço, um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad começa a ser cada vez mais especulado no meio político e no mercado. Enquanto agentes financeiros demonstram maior otimismo com um possível governo do primeiro, em meio às expectativas com uma agenda de reformas a ser conduzida pelo economista Paulo Guedes, no mundo partidário o jogo é muito mais equilibrado e complexo.
“O establishment político continua establishment, na visão de que é um gatekeeper no funcionamento das estruturas tais como elas estão. Mas ele já está rachado”, observou João Villaverde, analista sênior da Medley Global Advisors, no último programa Conexão Brasília (assista a íntegra aqui).
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Embora formalmente tenha fechado com a campanha de Geraldo Alckmin, o ‘centrão’ tem comportamentos distintos nos estados. Na prática, o tucano ficou com o tempo de rádio e televisão do bloco de partidos, na expectativa de melhores condições de apresentar ideias e pautar o debate eleitoral.
Contudo, regionalmente as lideranças das siglas do ‘centrão’ obedecem outra lógica, de interesses próprios e locais. “No MDB, por exemplo, Renan Calheiros, em Alagoas, independentemente do que acontecer, é PT e assim continuará. No Rio Grande do Sul, o MDB é mais à direita e tem gente do PP trabalhando para Bolsonaro. No Piauí, o PP é PT. Roberto Jefferson, presidente do PTB, já está plantando sementes com Bolsonaro”, complementou Villaverde.
Ou seja, naturalmente ao longo do processo o mundo político já faz suas escolhas de acordo com o jogo de perspectiva de poder dos candidatos e as distintas dinâmicas políticas locais. No caso de Bolsonaro, há um receio no mundo político com a narrativa antiestablishment do candidato, que poderia apontar para possíveis mudanças nas regras do jogo. O parlamentar não é visto como figura com muita habilidade na costura de acordos. Do lado de Haddad, há uma preocupação sobre a capacidade de dialogar com o parlamento, a despeito da experiência nos ministérios da Educação e do Planejamento.
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