Bolsonaro nega interferência na PF e diz acreditar no “arquivamento natural” de inquérito

Inquérito foi aberto pelo STF há um mês, com base em acusações feitas pelo ex-juiz Sérgio Moro. Presidente diz que afirmações são "levianas"

Equipe InfoMoney

O presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto (Andressa Anholete/Getty Images)

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SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgou nota, nesta segunda-feira (25), negando mais uma vez a suposta interferência na Polícia Federal, investigada pela Procuradoria Geral da República em inquérito aberto com base nas acusações do ex-ministro Sérgio Moro.

No texto, o mandatário disse que acredita no arquivamento do inquérito, autorizado há um mês pelo ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal.

“Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto”, disse Bolsonaro.

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“Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário”, acrescentou.

As investigações estão em etapa inicial, ouvindo testemunhas e coletando possíveis provas. Na última sexta-feira (22), foi tornado público o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, apontada por Moro como prova da tentativa do presidente de interferir na PF.

O estopim para a decisão do ex-juiz em deixar o governo foi a exoneração de Maurício Valeixo, seu aliado, do cargo de diretor-geral da corporação. Na gravação citada como prova, Bolsonaro diz que tem um sistema “particular” de informação, reclama da falta de acesso a informações de inteligência e de uma suposta perseguição a parentes.

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“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui. E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse na ocasião.

Bolsonaro sustenta que se referia à troca de equipes do Gabinete de Segurança Institucional,  responsável por sua proteção. A pasta comandada pelo ministro Augusto Heleno. No ano anterior, o presidente já havia protagonizado episódio polêmico para substituir a Superintendência da PF do Rio, que passou a ser ocupada pelo delegado Carlos Henrique Oliveira Sousa.

Dois dias após a reunião dos ministros no Palácio do Planalto, Maurício Valeixo foi demitido – o que culminou na saída de Moro. O primeiro ato do novo comando da PF foi trocar novamente a Superintendência do Rio. O jornal “O Estado de S.Paulo” revelou trecho de conversas entre Bolsonaro e Moro que revelam que o ex-ministro foi informado horas antes do encontro sobre a demissão do aliado.

Na nota divulgada nesta segunda-feira, Bolsonaro afirma que o momento é de “todos se unirem” e pede atuação conjunta por uma “verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo”.

“Por fim, ao povo brasileiro, reitero minha lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que me conduziram à Presidência da República. Sempre estarei ao seu lado e jamais desistirei de lutar pela liberdade e pela democracia”, encerrou (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

Visita inesperada

Antes da divulgação da nota, Bolsonaro fez uma visita relâmpago à sede da Procuradoria Geral da República, onde cumprimentou o procurador Carlos Vilhena, que tinha acabado de tomar posse como chefe da Procuradoria do Cidadão, e o próprio comandante da instituição, Augusto Aras.

Bolsonaro acompanhava à cerimônia de posse de Vilhena por videoconferência. Em um determinado momento do evento, o presidente se convidou para ir pessoalmente à PGR cumprimentar o novo integrante. “Se me permite a ousadia, se me convidar vou agora aí apertar a mão desse nosso novo integrante desse colegiado maravilhoso da Procuradoria-Geral da República”, disse.

Diante da resposta positiva de Aras, o presidente dirigiu-se à sede do órgão, onde chegou após o fim da cerimônia e cumprimentou pessoalmente os integrantes presentes. Augusto Aras tem sob seu comando o inquérito que apura a suposta interferência do presidente na Polícia Federal.

Cabe ao procurador-geral, que hoje também tem sobre sua mesa uma solicitação feita por partidos para a apreensão do celular do presidente, a decisão de oferecer ou não denúncia contra Bolsonaro junto ao Supremo Tribunal Federal.

Confira a íntegra da nota oficial do presidente Jair Bolsonaro:

“Diante da recente divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril do corrente ano, pontuo o seguinte:

1. Mantenho-me fiel à proteção e à defesa irrestritas do povo brasileiro, especialmente os mais humildes e aos que mais precisam. Sinto-me bem ao seu lado e jamais abrirei mão disso.

2. Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles.

3. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto.

4. Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo.

5. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.

6. É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo.

7. Por fim, ao povo brasileiro, reitero minha lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que me conduziram à Presidência da República. Sempre estarei ao seu lado e jamais desistirei de lutar pela liberdade e pela democracia.

Brasília, 25 de maio de 2020.

Jair Messias Bolsonaro

Presidente da República”

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