Bolsonaro mais atacado, ponto alto de Marina e PT lembrado: a opinião dos analistas sobre o debate da RedeTV!

O tom foi menos morno em relação ao primeiro debate, trazendo mais definições sobre as estratégias dos candidatos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um debate com um tom ainda morno, mas com alguns embates mais diretos e definições mais claras em relação ao primeiro encontro, realizado na semana passada. Esse é o saldo do segundo debate entre os candidatos à presidência de 2018, feito pela RedeTV! na noite da última sexta-feira (17). 

O encontro rendeu mais ataques ao PT (que não esteve no encontro), que esteve praticamente de fora dos temas do primeiro debate, enquanto Geraldo Alckmin tentou se aproximar do eleitor e ter uma linguagem mais popular, Jair Bolsonaro voltou a ter dificuldades em interagir com outros candidatos e responder perguntas mais propositivas.

Foi justamente com o candidato do PSL que Marina Silva teve o seu ponto alto, ao questioná-lo sobre sua fala em relação a diferenças salariais entre homens e mulheres. Contudo, os analistas divergem sobre se o saldo do debate foi positivo para a candidata da Rede. 

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Confira abaixo a opinião de analistas políticos sobre debate da RedeTV!:

Iuri Pitta, sócio-diretor da Analítica Comunicação

Nesse segundo debate, nota-se uma clara estratégia de Ciro Gomes e Geraldo Alckmin de tentarem manter distância do nonsense e pouca utilidade do primeiro encontro televisivo entre os candidatos. Foram bem sucedidos em parte: discutiram temas sérios de forma educada e serena, o que é positivo para ambos. Mas em um minuto de resposta é quase inútil debater modelos de política econômica divergentes.

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O tucano precisa desenvolver resposta mais firme para se desvencilhar do governo Michel Temer e do próprio presidente impopular. Ciro aproveita a ausência de um candidato do PT, mas certamente perderá espaço quando Fernando Haddad assumir o púlpito do partido.

Ao contrário do primeiro debate, Lula e o PT foram mais lembrados – e atacados. Haddad terá trabalho pela frente. Quem melhorou foi Marina Silva, em rara demonstração de firmeza ao confrontar Jair Bolsonaro nas diferenças de remuneração e reconhecimento profissional entre homens e mulheres.

Por sua vez, o líder das pesquisas sem Lula continua desconfortável ao ter de mostrar algo mais que um discurso radical, como na pergunta feita pelo jornalista Reinaldo Azevedo. Não é ruim a ponto de perder votos para o pastiche Cabo Daciolo, mas talvez leve parte de seu eleitorado a ter dificuldades para defender o “mito” em seus círculos sociais e converter likes em votos reais, o que é importante para a estratégia de quem não tem tempo de TV.

–  William Waack e Rossano Oltramari mostram quem deve vencer a eleição e como ganhar com isso

Juliano Griebeler, diretor de relações governamentais da Barral M. Jorge

O segundo debate dos candidatos à presidência seguiu o mesmo tom do primeiro, mas com alguns embates mais diretos e uma definição mais clara de quais os temas que os candidatos querem relacionar às suas campanhas.

Ciro Gomes e Geraldo Alckmin tiveram um bom resultado, conseguiram apresentar propostas e e responder na medida do possível de forma satisfatória. Marina Silva teve seu ponto alto no debate no confronto com Jair Bolsonaro, conseguiu se contrapor ao candidato, mas ainda há espaço de melhora em suas respostas propositivas. Jair Bolsonaro teve dificuldade em responder às perguntas econômicas e foi mais atacado do que no primeiro debate.

Henrique Meirelles foi atacado e faz o possível para evitar vincular sua imagem à do presidente Michel Temer. Álvaro Dias novamente focou na Lava Jato e combate à corrupção mas não consegue se destacar. Guilherme Boulos fez ataques diretos a Meirelles e cumpriu seu papel, usando frases de efeito para chamar atenção. Cabo Daciolo foca sua campanha em Deus e não teve a mesma repercussão obtida no primeiro debate.

A tendência é que, com o avanço da campanha, os embates passem a se tornar mais frequentes e diretos. Outro ponto que trará diferença nos debates futuros será a participação do candidato do PT, quando o partido decidir finalmente substituir Lula na chapa. Nessa ocasião deverá ocorrer uma mudanças na dinâmica do debate e nas estratégias dos candidatos.

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O debate foi menos cansativo que o anterior. Parte disso se explica por ter sido mais curto que o da Bandeirantes e ter contado com um cenário que deixava os candidatos desconfortavelmente próximos quando perguntavam uns aos outros. Esse formato diferente conferiu outra dinâmica às interações entre candiadtos e revelou fraquezas entre os menos acostumados a se apresentar na TV.

Geraldo Alckmin teve um desempenho melhor do que na semana anterior, usou linguagem mais popular e ficou claro que conseguiu se comunicar melhor com o telespectador. Por outro lado, a associação com Michel Temer é um risco para ele. 

Bolsonaro passou por mais um debate sem uma situação desastrosa para sua campanha, é verdade, mas teve novo desempenho negativo e ainda pior que o do encontro anterior. O candidato reforçou a dificuldade de se sair bem nesse formato de interação com outros concorrentes.

Guilherme Boulos parece ter sido o que melhor se apropriou do vácuo de ausência do PT. Ainda que a audiência do debate seja restrita, o bom desempenho do candidato do PSOL deve reforçar no PT a divisão sobre o momento de abrir o jogo e lançar Fernando Haddad na campanha, aproveitando crescimento nas pesquisas, para evitar que a esquerda passe a ser preenchida por quem já está em campo.

Marina Silva, que tinha aproveitado muito a falta do PT na semana passada, até protagonizou bom momento no embate com Bolsonaro, ainda que o tema controverso não lhe tenha garantido necessariamente bons frutos. No saldo geral, ficou aquém do encontro anterior.

Já o desempenho dos concorrentes de Alckmin na centro direita favorece o tucano. Mais uma vez, Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB) não se sobressaíram. Ciro Gomes, por sua vez, insistiu na tese de limpar o nome dos brasileiros no SPC. Criou uma marca, mas parte do eleitorado custa a crer na promessa que parece vazia. Ele precisará de mais que isso para se fixar no eleitorado de Lula.

Parece ter desaparecido o efeito surpresa que gerou uma espécie de simpatia à candidatura de Cabo Daciolo (Patri). Ele passou da condição de novidade que gera curiosidade à de fora do tom. 

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Carlos Eduardo Borenstein, analista político da Arko Advice

O debate da REDE TV não teve ganhador nem perdedor. Os principais candidatos evitam o confronto direto. O ponto de maior destaque foi o enfrentamento entre Jair Bolsonaro e Marina Silva no debate relativo a igualdade salarial entre homens e mulheres. Marina ganhou espaço com a polêmica, visto que tinha uma atuação apagada até então. O enfrentamento não foi positivo para Bolsonaro, pois contraria um anseio do eleitorado feminino, que é a maioria.

Bolsonaro foi o alvo preferencial de Henrique Meirelles, que conseguiu aparecer mais que no debate anterior. Geraldo Alckmin e Ciro Gomes utilizaram o debate para demarcar suas diferentes posições, principalmente em relação a economia.

Chamou atenção mais uma vez o fato de Alckmin evitar o confronto com Bolsonaro. Ao que tudo indica, o candidato do PSDB postergará esse fato para o horário eleitoral, quando Bolsonaro praticamente não terá tempo para se defender.

No debate da RedeTV!, Alckmin foi menos atacado que na TV Bandeirantes, porém Ciro e Guilherme Bolos fizeram movimentos para tentar rotular o tucano como o candidato do governo Temer. Não por acaso, Alckmin respondeu a isso em suas considerações finais, lembrando que o PT escolheu Temer como vice de Dilma em 2014.

Ribamar Rambourg, economista e cientista político

O debate na Rede TV! inovou no formato ao propiciar o enfrentamento direto entre os candidatos. O principal destaque da noite foi a dura resposta de Marina Silva a Jair Bolsonaro. A candidata da Rede pode se considerar vitoriosa.

Já Bolsonaro demonstrou impaciência e se atrapalhou em algumas respostas. O debate mostrou as fragilidades do candidato, que certamente serão explorados em novos debates e no horário eleitoral. O risco é repetir a errática trajetória de Celso Russomanno nas eleições paulistanas em 2012.

Geraldo Alckmin e Ciro Gomes não foram mal. O candidato do tucano, no entanto, permanece com a estratégia de jogar parado, talvez agora espere que Marina Silva desconstrua Bolsonaro e que ele acabe recebendo os votos do ex-capitão. Uma aposta de alto risco, sem dúvidas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.