Bolsonaro lidera mas é rejeitado por 62%, enquanto 4 candidatos aparecem empatados, mostra XP/Ipespe

A exatamente 1 mês do primeiro turno, deputado mantém nível de apoio mesmo sob ataque, ao passo que Fernando Haddad e Ciro Gomes embolam segundo pelotão com Marina Silva e Geraldo Alckmin; pesquisa foi feita antes do atentado a Bolsonaro em Juiz de Fora (MG)

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após cinco dias de campanha no rádio e na televisão, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) mantém a liderança da corrida presidencial sem sofrer desgaste em seu nível de apoio, a despeito dos crescentes ataques sofridos e do pouco espaço nos meios tradicionais para apresentar defesa. Por outro lado, o parlamentar viu sua rejeição renovar máxima a um mês do primeiro turno, chegando a 62%. É o que mostra a pesquisa XP/Ipespe realizada entre os dias 3 e 5 de setembro, antes do atentado contra o parlamentar durante ato de campanha em Minas Gerais. O levantamento, registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o código BR-00339, ouviu 2.000 entrevistados e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

De acordo com o estudo, Bolsonaro tem 23% das intenções de voto, mesmo patamar registrado no levantamento anterior, e agora conta com vantagem de 12 p.p em relação aos adversários que dividem a segunda posição: a ex-senadora Marina Silva (Rede), que oscilou 2 p.p. para baixo, e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que cresceu 3 p.p. nas últimas 3 semanas. Ambos contam com apoio de 11% dos eleitores e estão tecnicamente empatados com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), que manteve 9% das intenções de voto e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), que voltou aos 8%, seu maior patamar na série histórica do levantamento.

Apesar de deter cerca de 40% do horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, Alckmin ainda não conseguiu melhorar seu desempenho nas pesquisas. Há uma pressão de aliados e correligionários para que o tucano apresente resultados mais satisfatórios a partir da próxima semana, quando se espera que as propagandas surtam efeito. Para alguns analistas políticos, Alckmin agora também deverá enfrentar dificuldades para reconquistar apoio de antigos eleitores tucanos que hoje declaram apoio a Bolsonaro, após ataque a facada sofrido pelo parlamentar ontem, em Juiz de Fora (MG). O parlamentar é o principal herdeiro do desencanto de eleitores antilulistas com o PSDB.

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Na esquerda, Haddad voltou ao seu maior patamar na série histórica da pesquisa e atingiu 2% no cenário espontâneo, quando o eleitor responde em quem pretende votar sem que lhe sejam apresentados nomes de candidatos. Neste cenário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é apontado por 18% dos eleitores, mesmo após o plenário do TSE, por 6 votos a 1, indeferir seu pedido de registro de candidatura e determinar sua substituição até 11 de setembro, sob pena de o PT ficar sem representante na eleição presidencial.

Tido como “plano B” do partido, Haddad vê suas intenções de voto subirem para 14% quando seu nome é associado a um endosso de Lula. Neste caso, a transferência de votos do ex-presidente ao seu vice é de 35%, menor do que esperam petistas para daqui a um mês, mas hoje suficiente para alçá-lo à segunda posição da disputa, a 6 pontos percentuais do líder Bolsonaro, e em empate técnico no limite da margem de erro com Ciro Gomes, que aparece com 10% nesta simulação alternativa (veja gráfico do cenário 3 abaixo). O cenário em que Haddad é apresentado como candidato “apoiado por Lula” ajuda a projetar a migração dos votos ao provável herdeiro do ex-presidente na corrida. De acordo com o levantamento, 21% dos eleitores dizem não conhecer suficientemente o ex-prefeito de São Paulo.

A pesquisa XP/Ipespe também confirmou o descolamento do empresário João Amoêdo (Novo) entre os candidatos considerados “nanicos”. Embora desconhecido por uma ampla faixa do eleitorado, o novato na disputa chegou a 4% no cenário espontâneo – mesmo patamar de Alckmin e tecnicamente empatado com Ciro Gomes (5%), perdendo apenas para Lula (18%) e Bolsonaro (16%) – e 5% no cenário estimulado com Lula candidato pelo PT. O desempenho do candidato do Novo já é numericamente superior ao do senador Álvaro Dias (Podemos). Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Cabo Daciolo (Patriota) não passam dos 2% das intenções de voto cada nas simulações feitas, ao passo que outros candidatos não pontuaram.

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O grupo dos “não voto” (brancos, nulos e indecisos) chega a somar 46% do eleitorado no cenário espontâneo, resultado 4 p.p. abaixo do observado uma semana antes. Nos cenários estimulados, essa faixa atinge 28%, mesmo percentual da última pesquisa. A exatamente um mês do primeiro turno e em meio a intensa campanha dos candidatos e propagandas no rádio e na televisão, o interesse pela eleição apresentou poucas variações nas últimas três semanas. Segundo a pesquisa, 31% dos entrevistados se dizem muito interessados na corrida presidencial, ao passo que 21% declaram interesse médio e 47% afirmam estar pouco ou nada interessados no processo. Tais números reforçam o grau de imprevisibilidade da presente disputa, com fatia expressiva dos eleitores ainda alheia ao que vai acontecer em 7 de outubro. 

Confira os cenários de primeiro turno para a corrida presidencial testados pela pesquisa:

Pesquisa espontânea: sem apresentação de nome dos candidatos

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Cenário 1: com Lula candidato*

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* No último sábado (1), Lula teve seu pedido de registro de candidatura indeferido pelo plenário do TSE, por 6 votos a 1. Ainda cabem recursos, mas o Tribunal proibiu o partido de divulgar propaganda para o ex-presidente e determinou que o partido substitua seu candidato até 11 de setembro.

Cenário 2: com Fernando Haddad candidato pelo PT

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Cenário 3: com Fernando Haddad, “apoiado por Lula”

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Migração de votos de Lula: Cenário 1 para Cenário 3

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Confira a série histórica das pesquisas XP/Ipespe

Segundo turno

Assim como em pesquisas anteriores, foram testadas sete situações de segundo turno. Desta vez, porém, em função do aumento no número de entrevistas (de 1.000 para 2.000) e a consequente redução da margem de erro (de 3,2 p.p. para 2,2 p.p.), há modificação na interpretação de alguns dos cenários.

Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 38% das intenções de voto contra 25% para o petista, com 38% de brancos, nulos e indecisos. A diferença entre os dois chegou a ser de 16 pontos percentuais a favor do candidato do PSDB em três semanas. Em nenhum momento Haddad esteve à frente.

Em uma simulação de disputa entre Lula e Bolsonaro, o petista aparece à frente, com 44% das intenções de voto contra 35% do deputado, acima do limite máximo de margem de erro de ambos. Brancos, nulos e indecisos somam 21%. Seis semanas atrás, a vantagem numérica de Lula era de 6 pontos, o que configurava empate técnico nas condições da época, quando a margem de erro era de 3,2 p.p. para cada candidato. No início da série histórica, o deputado aparecia 2 pontos à frente, também em situação de empate técnico.

No caso de um enfrentamento entre Alckmin e Bolsonaro, pela primeira vez o tucano aparece numericamente à frente, com placar de 37% a 33%, diferença dentro do limite da soma das margens de erro, o que configura empate técnico. Brancos, nulos e indecisos somam 30%. A diferença entre os candidatos chegou a ser de 7 pontos percentuais a favor do parlamentar na quarta semana de maio. Uma semana atrás, os dois apareciam empatados com 35% das intenções de voto.

Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora numericamente à frente por 37% a 33%. Brancos, nulos e indecisos somam 30%. O deputado esteve numericamente à frente nos dois primeiros levantamentos da série, realizados na terceira e quarta semanas de maio, quando a diferença chegou a ser de 6 pontos percentuais, também dentro do limite da soma das margens de erro. Os dois estão tecnicamente empatados desde a primeira pesquisa realizada, em maio.

Empate técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o tucano numericamente à frente por 35% a 32%. Brancos, nulos e indecisos agora somam 34%. Na última semana de junho, os dois apareciam com 32% das intenções de voto. Já na primeira semana daquele mês, o pedetista esteve numericamente à frente por diferença de 3 pontos, único momento em que liderou, embora dentro da margem de erro.

Se hoje Bolsonaro e Ciro se enfrentassem no segundo turno, o pedetista venceria com 37% das intenções de voto, contra 31% do parlamentar. Brancos, nulos e indecisos somariam 32%. É a segunda vez na série histórica que Ciro lidera esta simulação. Na semana passada, o pedetista contava com vantagem de apenas 2 pontos percentuais. Nos dois primeiros levantamentos, em abril e maio, o deputado vencia com diferença superior à soma das margens de erro dos candidatos.

A pesquisa também simulou um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Neste caso, o quadro também é de empate técnico, com o deputado numericamente à frente por placar de 39% a 36%, mesma diferença registrada na semana anterior. O grupo dos “não voto” soma 26%. Em abril, Bolsonaro chegou a contar com gordura de 11 pontos percentuais.

Rejeição aos candidatos

A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os candidatos em que não votariam sob nenhuma hipótese. Bolsonaro manteve a liderança deste indesejável ranking e viu sua taxa atingir o maior patamar da série histórica: 62%. O percentual é o mesmo apresentado por Marina Silva, que também atingiu sua máxima histórica. Os dois aparecem numericamente à frente dos principais adversários, porém em condição de empate técnico, exceto nos casos de Álvaro Dias e Haddad, ainda desconhecidos por 31% e 21% dos eleitores, respectivamente. Lula voltou aos 61% de rejeição após oscilar para 58% na pesquisa anterior, ao passo que Alckmin e Ciro têm 59%. A trajetória dos principais nomes nas últimas sete pesquisas está na tabela abaixo:

CANDIDATO DE 23 A 25/07 DE 30/07 A 01/08 DE 06 A 08/08 DE 13 A 15/08 DE 20 A 22/08 DE 27 A 29/08 DE 3 A 5/09
Lula 60% 61% 60% 60% 60% 58% 61%
Jair Bolsonaro 55% 57% 57% 58% 59% 61% 62%
Marina Silva 59% 59% 59% 60% 60% 60% 62%
Ciro Gomes 58% 61% 60% 59% 59% 59% 59%
Geraldo Alckmin 58% 60% 57% 59% 60% 59% 59%
Álvaro Dias 48% 47% 46% 48% 48% 48% 48%
Fernando Haddad 59% 58% 56% 54% 54% 56% 57%

Fonte: XP/Ipespe

Metodologia

A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 3 e 5 de setembro, e ouviu 2.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.

O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 2,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-00339/2018 e teve custo de R$ 60.000,00.

O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais, a partir de 1998. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.

Em entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.