Bolsonaro “jamais terá base” para vencer Lula em eleição presidencial, diz Tarso Genro

Em entrevista, ex-governador e ministro sustenta que eventual disputa entre Lula e o deputado caracterizaria "uma disputa frontal entre um vasto campo de centro-esquerda e a direita com tendências fascistas no Brasil"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) teria chances diminutas de sair vitorioso em eventual corrida presidencial, apesar do recente crescimento registrado nas pesquisas eleitorais. Essa é a leitura de Tarso Genro, um dos maiores nomes do PT no Rio Grande do Sul — ex-governador do estado e ex-ministro da Justiça –, entrevistado pelo portal BBC Brasil. Na avaliação da experiente liderança política, o espectro político que o candidato de extrema-direita representa jamais terá base eleitoral sólida para uma disputa majoritária no Brasil.

“A polarização entre Lula e Bolsonaro caracterizaria uma disputa frontal entre um vasto campo de centro-esquerda e a direita com tendências fascistas no Brasil, que jamais terá, na sociedade brasileira, uma base eleitoral e política majoritária”, observou.

Na leitura do entrevistado, embora a greve de sexta-feira (28) tenha sido relevante, os esforços podem não ter sido suficientes para obstruir a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária. “A execução das reformas é demandada por protagonistas muito fortes, no plano interno e externo. As instituições privadas do capital financeiro, a mídia oligopolizada e as empresas que pensam em repor sua competitividade com uma exploração cada vez mais intensiva de mão de obra barata, no que se refere à reforma trabalhista”, afirmou. Do lado da reforma da Previdência, Genro argumenta que ela é demandada pelos credores da dívida, interessados em um Estado pagador de seus compromissos.

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Quando questionado sobre as revelações da operação Lava Jato, o ex-governador diz que há um saldo positivo, mas que também teria se transformado “em um elemento de dissolução da esfera da política e de controle dos grandes meios de comunicação oligopolizados sobre a agenda política do país”. Genro também pediu cautela acerca de conclusões tiradas com base em delações premiadas, assim como uma avaliação se os depoimentos não estariam sendo feitos para “salvaguardar as pessoas que cometeram delitos”.

Para Genro, não há grandes surpresas nas revelações trazidas à tona recentemente: “essas relações da Odebrecht com o Estado brasileiro não são relações excepcionais. Todos os grandes grupos econômicos, todos os blocos de poder, de riqueza do Brasil, sempre se relacionaram com o Estado brasileiro da mesma forma”, afirmou o ex-ministro. “Organizaram o sistema político de acordo com suas necessidades oligárquicas e fazem do Estado brasileiro um servo de suas necessidades”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.