XP/Ipespe: Bolsonaro estanca perda de popularidade, com recuperação no Nordeste e entre mais pobres

Movimento ocorre em meio à nova rodada de pagamento do auxílio emergencial e ao recuo nas mortes registradas em razão da Covid-19 no País

Marcos Mortari

O presidente Jair Bolsonaro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Após quatro meses de tendência de queda em seus índices de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece ter estancado a desaprovação junto à opinião pública. É o que indica a nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta terça-feira (11).

O movimento de recuperação ocorre em meio a uma nova rodada de pagamento do auxílio emergencial, que beneficiou 39,1 milhões de famílias em abril, e ao recuo nas mortes registradas no país em razão da Covid-19 – embora ainda em patamares elevados. A média móvel de óbitos provocados pela doença nos últimos sete dias chegou a 2.087 ontem (10), no menor patamar desde 17 de março.

A pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 4 e 7 de maio, mostra que 29% dos brasileiros avaliam o atual governo como ótimo ou bom – o que corresponde a uma oscilação ascendente de 2 pontos percentuais em comparação com levantamento feito no mês anterior.

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Já os que classificam negativamente a gestão Bolsonaro foram de 48% para 49% no mesmo período – segundo maior patamar já registrado pelo levantamento, atrás apenas de maio do ano passado (50%). A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo para o total da amostra.

O crescimento, ainda que dentro da margem de erro, dos grupos antagônicos é acomodado pela redução dos eleitores que veem o governo como regular: de 24% para 20% no período – menor marca observada desde a posse de Bolsonaro. Os números podem indicar dificuldades para o presidente, no curto prazo, recuperar os níveis de cinco meses atrás, assim como limitações para continuidade na perda de apoio.

A melhora nos índices de popularidade de Bolsonaro ocorreu sobretudo entre os eleitores da região Nordeste (de 20% para 26%), com ensino fundamental (de 23% para 26%) ou médio (29% para 32%) e renda familiar mensal de até dois salários mínimos (de 25% para 29%). Neste caso, porém, por se tratar de segmentos da amostra, as oscilações são mais comuns.

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O levantamento também mostra oscilação positiva, de 33% para 35%, do grupo de eleitores que aprovam a maneira de Bolsonaro administrar o país. No mesmo período, os que desaprovam foram de 60% para 58% – mesma marca de junho do ano passado, quando foi iniciada a série histórica para esta pergunta.

No mesmo sentido, agora 31% têm expectativa positiva em relação ao restante do mandato de Bolsonaro – 3 p.p. a mais do que no mês passado. Já os pessimistas oscilaram de 45% para 44% no período, enquanto 21% esperam uma gestão regular até o fim de 2022.

A pesquisa XP/Ipespe também mostra um crescimento, de 23% para 26%, do grupo de eleitores que consideram que a economia está no caminho certo. Os que pensam o contrário oscilaram de 65% para 63% no último mês.

Vale destacar, que, questionados sobre a condução da economia no pós-pandemia, 65% dos entrevistados defendem que a política econômica seja alterada, ampliando os investimentos do governo para que o país volte a crescer. Apenas 25% apoiam a manutenção do programa atual, com foco em reformas e maior participação de empresas privadas na retomada da economia.

Segundo o levantamento, houve melhora na percepção das chances de manutenção do próprio emprego (de 47% para 50%) e da redução das próprias dívidas (de 20% para 22%) nos próximos seis meses.

Do lado da pandemia, o levantamento identificou uma redução no grupo de eleitores que dizem estar com muito medo do surto de Covid-19. Em abril, eram 55%, contra atuais 50%. Já os que dizem estar com um pouco de medo somam 31%, em um crescimento de 3 p.p. no período. Enquanto os que não estão com medo da doença representam 18% da população.

Apesar da melhor percepção do eleitorado sobre a crise sanitária, o grupo que avalia como ruim ou péssima a atuação de Bolsonaro no enfrentamento ao novo coronavírus se manteve em 58% – ao passo que os que classificam positivamente a conduta do presidente somam 22%.

O mandatário supera em 30 pontos percentuais as avaliações negativas de governadores e está a 13 p.p. das classificações positivas dos gestores estaduais na postura diante da crise.

O levantamento também ouviu as impressões dos entrevistados sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, instalada há duas semanas pelo Senado Federal. Ao todo, 70% tomaram conhecimento do fato e 67% aprovam a criação do colegiado – enquanto 17% desaprovam.

Os eleitores, porém, estão divididos quanto ao êxito dos trabalhos: 46% acreditam que a comissão atingirá seu principal objetivo, enquanto 45% não esperam que isso ocorra. Os percentuais, neste caso, consideraram apenas aqueles que sabiam da instalação da CPI.

Ainda neste grupo, 45% entendem que o principal objetivo da comissão é apurar as ações e falhas do governo federal no enfrentamento da pandemia. Outros 35% veem como missão maior investigar irregularidades em contratos, fraudes em licitações e eventuais desvios no uso de recursos públicos pelos estados e municípios. Apenas 13% apontam os dois objetivos em igual medida.

Segundo a pesquisa, 38% dos eleitores concordam com a avaliação de que o principal objetivo da CPI da Pandemia é atacar o governo Bolsonaro. Outros 52% discordam.

Eleições 2022

A pesquisa também mostra manutenção do cenário de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem.

No cenário espontâneo (quando o eleitor aponta seu candidato sem que nomes sejam apresentados pelo entrevistador), Bolsonaro aparece com 25% das intenções de voto. Lula tem 21%. A diferença entre os dois está dentro do limite da margem de erro.

Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, aparece com 3% das intenções de voto neste cenário, seguido por outros três nomes: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o empresário João Amoêdo (Novo); e o ex-juiz federal Sérgio Moro ‒ cada um com 1%.

No cenário estimulado de primeiro turno (quando o eleitor escolhe seu candidato entre opções apresentadas pelo entrevistador), Lula e Bolsonaro empatam com 29% cada. O líder petista manteve o percentual de abril, enquanto o atual presidente oscilou 1 p.p. para cima.

O segundo pelotão é ocupado por Ciro Gomes, com os mesmos 9% dos últimos três meses, Sergio Moro, com 8% (1 p.p. a menos que no mês anterior), e o apresentador de televisão Luciano Huck, com 5% (mesmo patamar de abril).

João Doria, por sua vez, aparece com 3% das intenções de voto, mesmo patamar do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM). Já Guilherme Boulos (PSOL), líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), tem 2%.

Outros candidatos não pontuaram. Indecisos e indicações de voto nulo ou em branco somam 14% dos entrevistados.

O empate técnico entre Lula e Bolsonaro também persiste no segundo turno. O petista mantém seus 42%, mas vê Bolsonaro se aproximar, oscilando de 38% para 40%, dentro da margem de erro.

Em outros cenários de segundo turno, Bolsonaro aparece em empate técnico, mas numericamente à frente de Ciro (39% a 38%), Moro (32% a 30%) e Luciano Huck (38% a 34%). Ele venceria Guilherme Boulos e João Doria por 40% a 31%. Em todos esses cenários, Bolsonaro teve oscilação positiva, dentro da margem de erro, em sua intenção de voto.

Um eventual segundo turno entre Lula e Moro também registra empate técnico, com 40% para o petista e 37% para o ex-juiz.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.